Gravação revela detalhes de como ator morreu durante ritual com ayahuasca
Novos detalhes sobre a morte do ator Micael Amorim, de 26 anos, vieram à tona após gravações apontarem para uma suposta negligência por parte dos responsáveis pelo ritual com ayahuasca
Carlos Carone e Mirelle Pinheiro, via Na Mira
Novos detalhes sobre a morte do ator e dançarino Micael Amorim de Macedo, 26 anos, vieram à tona esta semana. Áudios apontam uma suposta negligência – ou imperícia – por parte dos responsáveis pelo ritual, a Casa Reino do Arco-íris, na zona rural de São Sebastião, no Distrito Federal, onde era servido o chá de ayahuasca. O conteúdo foi gravado por pessoas que tiveram acesso a informações sobre o que teria levado o artista a óbito.
Segundo uma mensagem de voz gravada por um homem que conversou com integrantes do grupo que organizou a cerimônia, Micael teria tomado três doses de ayahuasca, a última delas faltando cerca de 30 minutos para o fim do ritual. “O irmão tomou três vezes, ingerindo 40ml no começo, 20ml no meio do trabalho e parece que mais 20 no final”, diz a testemunha.
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Apenas homens participavam do encontro, ocorrido em 23 de julho deste ano. Na ocasião, o dançarino teria apresentado confusão mental e ameaçado se jogar em uma fogueira, durante crises e alucinações. Micael teria ficado cerca de uma hora deitado, em um canto, após receber três aplicações de rapé durante o surto.
Confusão mental
Na explicação, o homem afirma que após tomar o chá, o ator entrou em surto e começou a gritar, falando que iria se matar. “O que deve ser feito nessas situações: acalmar o irmão, isolar ele dos demais e ficar com ele até a ‘força’ passar. Esse é o melhor remédio. Se tiver uma banana ou água, dê, mas força nós sabemos que só passa com o tempo. Não adianta fazer outras coisas que não resolve”, ressaltou.
Micael foi contido por outros homens que participavam do ritual. Um deles chegou a assoprar três porções de rapé nas vias aéreas do ator durante o estado alucinógeno do jovem. Quando perceberam que o ator estava sem se mexer há muito tempo, já era tarde. Ele teria sofrido parada cardiorrespiratória e não resistiu. “Não sei se o rapé entupiu as vias nasais dele e foi baixando a pressão e os batimentos foram diminuindo. E o irmão veio a óbito, simples assim. Tá aí a resposta. Acontece, temos que tomar muito cuidado”, analisou.
Ouça explicação de testemunha sobre o que ocorreu durante o ritual:
Antes de participar do ritual, o dançarino preencheu uma ficha de anamnese, que costuma ser usada por médicos para ter conhecimento do histórico de doenças de cada paciente. “Micael colocou na ficha que havia feito uma cirurgia cardíaca, mas não confirmou a data e também colocou que havia feito uso de álcool na semana da cerimônia. Mesmo assim, a polícia precisa apurar o caso para identificar se houve crime”, disse uma pessoa ligada ao artista, que preferiu não se identificar.
O inquérito instaurado pela 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) já teria ouvido quatro pessoas, mas uma testemunha-chave ainda precisaria ser interrogada. Uma das linhas de investigação é que teria havido negligência ou imprudência dos organizadores durante o ritual. No entanto, a possibilidade de homicídio culposo não foi descartada pelas autoridades. Os investigadores ainda aguardam um lado do Instituto Médico Legal (IML) com material coletado da vítima. O objetivo é identificar, afinal, o que teria provocado a morte do rapaz.
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