Direita

“O fato de ele ter tatuagens nazistas não significa que somos nazistas”, diz namorada de atirador

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Namorada de brasileiro que tentou matar Cristina Kirchner se atrapalha em depoimento, enquanto amigo de infância de Fernando relata que ataque já era esperado: "Ele não tinha nada a perder. Era um mentiroso compulsivo que costumava inventar histórias para se sentir reconhecido"

Fernando Montiel

A namorada do brasileiro Fernando Sabag Montiel afirmou nesta sexta-feira (2) que não imaginava que o companheiro fosse “capaz de fazer algo assim”. Segundo informações do Canal 5 Notícias, a mulher também negou, em entrevista à Telefe, que soubesse que o namorado iria praticar a ação e completou esclarecendo que eles namoram apenas há um mês.

Ambar, que trabalha como ambulante, declarou ainda que nunca viu as munições encontradas pela polícia no apartamento do homem que tentou matar Cristina Kirchner. A Polícia encontrou 100 munições de calibre .9mm na casa do extremista.

Em entrevista, a namorada e amigos do homem ainda comentaram as tatuagens nazistas e as publicações de extrema-direita feitas por Fernando nas redes sociais. “As tatuagens são tatuagens e o fato de serem nazistas não significa que somos nazistas”, diz Ambar.

A mulher e os amigos de Fernando também reclamam que estão sendo ameaçados após o ataque à vice-presidente argentina.

Além das munições, a polícia argentina encontrou nas redes de Fernando publicações de “ódio ao comunismo”. O brasileiro tem duas tatuagens nazistas. Uma de um Sol Negro, símbolo bastante popular entre neonazistas. Na legenda de uma das fotos publicadas no Instagram, o homem também indica ter tatuado uma cruz gamada, símbolo que também foi cooptado pelos nazistas.

“Ataque era esperado”

Um amigo de infância de Fernando, por sua vez, diz que esperava que algo assim pudesse acontecer. Ele afirmou que o brasileiro era um mentiroso compulsivo que costumava inventar histórias para se sentir reconhecido. “Ele [Fernando] sofria bullying desde pequeno. Esse ataque era esperado porque ele não tinha mais nada a perder”.

“Eu o conheço desde 2004. Sempre nos encontrávamos. Fazíamos parte de uma subcultura urbana. Ele sempre tinha um frasco na mão, sempre sacudia nas pessoas, sempre parecia magoado. Se estivéssemos na escola, ele seria o pária gordinho. Éramos crianças e tínhamos que descontar em alguém, e ele era esse alguém”, disse à emissora argentina Telefe. “Quanto mais repressão, mais revolução. Ele não tinha mais nada a perder”, repetiu.

Descrito como “um cara solitário, muito dependente da falecida mãe”, Fernando uma vez tentou comprar uma arma para matar seus algozes, segundo o relato à TV argentina. “Ele sempre contava que tinha armas e ia atirar no campo, mas como o tínhamos como mitômano, ninguém o levava a sério”, disse.

Fernando André Sabag Montiel foi detido depois de tentar atirar na vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O presidente Alberto Fernández classificou a tentativa de atentado como “o incidente mais grave a acontecer desde que recuperamos a democracia”. Em um vídeo do incidente postado nas redes sociais, ouve-se um clique quando a arma de fogo é brandida a poucos centímetros do rosto de Kirchner.

Considerada uma das principais lideranças da esquerda na América Latina, Kirchner foi presidente da Argentina de 2007 a 2015 e primeira-dama de 2003 a 2007. O atentado contra ela ocorreu perto de sua residência, onde dezenas se reuniram para mostrar seu apoio. Kirchner está sendo vítima atualmente de uma perseguição judicial nos mesmos moldes do que Sergio Moro impôs a Lula no Brasil.

Cristina fala com Dilma

Cristina Kirchner contou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) porque a arma não disparou, o que evitou um assassinato. As duas se falaram ao telefone na manhã desta sexta-feira (2), quando a petista ligou para a vice-presidente da Argentina.

Segundo informações do jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, Cristina afirmou que escapou “por um milagre”. Além disso, a política argentina contou que, segundo a política, a arma estava funcionando, mas, o homem estava nervoso e, por isso, não conseguiu atirar.

Cristina detalhou que Fernando Sabag Montiel se atrapalhou quando iria disparar e não puxou o gatilho direito. Por isso, a bala não entrou no tambor da arma que estava utilizando, uma Bersa calibre 32. O revólver tinha cinco balas, mas nenhuma entrou na câmara da pistola.

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