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ELEIÇÕES 2022 01/Set/2022 às 15:34 COMENTÁRIOS
ELEIÇÕES 2022

Patinando nas pesquisas, Sergio Moro se humilha por voto bolsonarista

Publicado em 01 Set, 2022 às 15h34

Sergio Moro, que entrou na disputa pelo Senado vestido de xerife contra a corrupção, não escreveu uma linha até agora sobre as denúncias de corrupção que envolvem a família Bolsonaro. Em busca do voto bolsonarista, Moro virou ombudsman das postagens de Lula nas redes. O leitor desavisado fica em dúvida se Lula está concorrendo ao Senado ou se Moro ainda está na pista na corrida pelo Planalto

Patinando pesquisas Sergio Moro humilha voto bolsonarista
(Imagem: Evaristo Sa | AFP)

Matheus Pichonelli, Yahoo

Faz alguns dias que o portal Uol revelou que a família Bolsonaro adquiriu mais de meia centena de imóveis comprados, total ou parcialmente, em dinheiro vivo.

Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato que entrou na corrida ao Senado, pelo Paraná, vestido de xerife contra a corrupção, não escreveu uma linha a respeito.

E olha que de imóveis ele entende: por considerar que houve corrupção na compra, não realizada, de um tríplex no Guarujá, ele condenou o ex-presidente Lula (PT) à prisão e o tirou da corrida eleitoral em 2018.

A corrida foi vencida por Jair Bolsonaro (PL), a quem Moro serviu como ministro da Justiça.

A aliança foi rompida no segundo ano de mandato, quando o ex-juiz acostumado a dar ordens e ser obedecido descobriu que estava lá para obedecer aos caprichos do presidente –entre os quais, o desejo de trocar o comando da superintendência da Polícia Federal no estado onde seus filhos eram investigados.

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Moro deixou o posto atirando. Desde então saiu batendo às portas do mercado de trabalho.

Ele virou alvo ao atuar em uma consultoria dos EUA responsável por botar em dia as contas e processos das empresas investigadas pela Lava Jato em seus tempos de magistrado.

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Ensaiou uma candidatura à Presidência que jamais decolou.

O prêmio de consolação foi a candidatura ao Senado após trocar o Podemos pelo União Brasil.

Desde então, como candidato, tem se saído um ótimo comentarista de portal.

Moro tem usado o Twitter para mostrar que ainda é o pesadelo do ex-presidente Lula, tema de um a cada três tuítes escrito pelo ex-juiz no Twitter (a estatística é incerta pois está em atualização permanente).

O leitor desavisado fica em dúvida se Lula está concorrendo ao Senado ou se Moro ainda está na pista na corrida pelo Planalto.

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No dia em que o candidato petista foi entrevistado pelo Jornal Nacional, Moro escreveu aos seguidores: “Espero que Lula seja perguntado com firmeza no @jornalnacional sobre Mensalão, Petrolão, triplex e Atibaia. Se precisarem de ajuda, sou voluntário. Tenho experiência”.

Não se sabe se Moro confunde só agora entrevista para a TV com julgamento ou se já confundia julgamento com entrevista para a TV na época em que Lula prestou depoimento a ele.

Até o eleitor com dificuldade de entender por que o ex-magistrado foi considerado parcial em sua sentença sabe que a um juiz não cabe “apertar com firmeza” uma pessoa acusada, e sim tomar ciência das acusações e argumentos da defesa para só então julgá-la. Na Lava Jato, como mostrou o hacker de Araraquara, os papeis de acusador e julgador se confundiam.

Moro sempre negou que a perseguição fosse algo pessoal. Até se tornar candidato e provar o contrário em cada post.

No papel de ombudsman das postagens do petista, Moro já compartilhou tuíte de Lula sobre a Lava Jato dizendo para ele parar de “mentir ao povo”.

Também já mostrou preocupação com a vida após a morte de Lula ao aconselhar confissão e arrependimento ao pecador. “Não ganham a eleição, mas são passos necessários para a redenção da alma”, escreveu o ex-juiz, para quem “Lula não tem condições morais de participar de um debate sobre corrupção”.

Alguém certamente deve ter alertado o ex-juiz que ele estava em busca de uma vaga ao Senado, e não de analista político em algum programa da Jovem Pan. Hoje a corrida é liderada pelo ex-amigo e ex-colega de Podemos Álvaro Dias, com quem rompeu ao cobiçar sua vaga.

Avisado que não dá para atacar a Rússia e a França sem deixar as fronteiras desguarnecidas, já que quase 80% dos eleitores concentram suas preferências hoje a Lula ou a Bolsonaro, Moro tomou um lado da batalha e focou os esforços em se mostrar um candidato que pode até não ter ideia do que fará em Brasília, mas ao menos estará contra Lula e o PT.

O esforço exigiu uma mensagem de paz ao presidente que o enxotou do governo em 2020 e ainda colou em suas costas o adesivo de “traidor”.

Em um vídeo, Moro disse que ele e Bolsonaro seguem juntos na trincheira porque ao menos têm algo em comum: o adversário. E que estará sempre do lado oposto deste inimigo.

Como resumiu o sociólogo Celso Rocha de Barros no Twitter, Moro queria ser Giovanni Falcone, o todo-poderoso juiz da Operação Mãos Limpas na Itália, mas virou Frederick Wassef, o advogado da família Bolsonaro.

A estratégia explica o silêncio sobre o modus operandi da família do ex-chefe em conseguir dinheiro e pagar imóveis em cash.

Rosângela Moro, “conje” do ex-juiz, certa vez disse que o marido e Bolsonaro eram uma coisa só.

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Seguem sendo, a se levar em conta a indignação seletiva que une ex-ministro e ex-chefe. Quem disse mesmo que a batalha era contra a corrupção?

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