Sobrinho de Jair Bolsonaro é condenado por espancar namorada
Justiça condena sobrinho do presidente Jair Bolsonaro por espancar namorada. A vítima recebeu tapas, teve o cabelo puxado e foi arrastada pelo chão. A Justiça não aceitou as justificativas de Orestes Bolsonaro: "As lesões constatadas pela perícia são incompatíveis com a versão apresentada pelo réu e há provas robustas para condená-lo"
blog do Rogério Gentile
A Justiça paulista condenou Orestes Bolsonaro Campos, 41, sobrinho do presidente Jair Bolsonaro, por agressão a uma namorada. Em 17 de setembro de 2020, de acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, Orestinho, como é conhecido, durante uma festa, deu tapas em Ana Caroline, puxou seu cabelo e a arrastou pelo chão.
A jovem, que à época dos fatos tinha 17 anos, disse à Justiça que se relacionava esporadicamente com o sobrinho do presidente. Segundo ela, na festa, após ingerir bebida alcoólica, foi descansar em um quarto no qual estava seu ex-namorado.
Ela afirmou que Orestinho a acordou com um puxão de cabelo, a balançou no ar e a jogou no chão. Segundo o relato, ele tentou bater também no ex-namorado da jovem, mas foi contido por outras pessoas.
Posteriormente, na frente da casa, ele voltou a agredi-la até que Ana Carolina conseguiu entrar no carro do ex-namorado e fugir. Afirmou ter ficado com marcas na coxa e no joelho e um “galo” na cabeça.
O sobrinho de Bolsonaro negou a acusação à Justiça. Disse que foi à festa acompanhado de Ana, mas que, em determinado momento, percebeu que os dois haviam sumido e foi até o quaro ver o que estava ocorrendo.
Disse que, ao flagrar os dois se beijando sem roupas, o ex-namorado veio para cima, o empurrando e dando-lhe socos, e que ele apenas se defendeu. Segundo ele, Ana entrou na briga para defender o ex-namorado e acabou sendo empurrada. Declarou não saber se foi ele ou o ex-namorado que empurrou a jovem, mas nega que a tenha agredido.
A juíza Barbara Chinen disse que as lesões constatadas pela perícia são incompatíveis com a versão apresentada pelo sobrinho do presidente e que as provas são robustas para condená-lo.
“Quanto à conduta social, o réu não tem comportamento normal dentro da sociedade, uma vez que, já pela segunda vez, responde a um processo criminal em contexto de violência doméstica”, afirmou a magistrada na decisão.
Orestinho, que é filho de Maria Denise Bolsonaro Campos, irmã do presidente, foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil à jovem.
A Justiça também o condenou a uma pena de quatro meses de detenção em regime inicial aberto, mas ele foi beneficiado com a suspensão condicional da pena. Ele ainda pode recorrer da decisão.
Orestinho é réu em um outro processo no qual é acusado de tentar matar a ex-mulher e o atual namorado dela. Ele foi denunciado pelo Ministério Público e, por decisão da Justiça, será julgado por um júri popular em data ainda não definida.
Na defesa apresentada à Justiça, Orestes Bolsonaro declarou ser “uma pessoa exemplar”, admitiu estar armado, mas disse que não apontou o revólver para sua ex-mulher e que em nenhum momento teve a intenção de matá-la. Em relação ao namorado da ex-mulher, afirmou que “não houve uma tentativa de homicídio, mas uma briga”.
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