Armas de Fogo

Advogado que vendeu fuzil a Roberto Jefferson ensinou filho de Bolsonaro a atirar

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Advogado vendeu fuzil utilizado por Roberto Jefferson em tentativa de assassinato. Luiz Gustavo se apresenta como "armamentista" nas redes e também se define como "cristão e patriota". Ele ensinou o filho de Jair Bolsonaro a atirar

Luiz Gustavo Pereira da Cunha e Jair Renan Bolsonaro (Imagem: Twitter)

Por João Paulo Saconi, Agência Globo

O advogado de Roberto Jefferson que vendeu ao cliente o fuzil apreendido no último domingo (23) pela PF, após um ataque a quatro agentes em Comendador Levy Gasparian (RJ), é um autodeclarado “armamentista”. É assim que ele, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, se apresenta aos seguidores nas redes sociais. Também se define “cristão, patriota e advogado”, além de instrutor de armamento e tiro credenciado pela PF e pelo Exército, segundo ele próprio.

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Contratado pelo PTB desde 2007, ainda em meio à repercussão que o mensalão trouxe ao partido, Luiz Gustavo se formou em Direito dois anos antes. Mas já praticava tiro esportivo desde 1993, conforme conta numa publicação em que aparece num stand junto a Jefferson, atirando ao lado do político. O registro consta no Instagram do advogado desde setembro de 2020.

Um mês antes, o próprio Jefferson já vinha elogiando Luiz Gustavo nas redes sociais pela aptidão esportiva. Numa publicação de 7 de agosto de 2020, Jefferson compartilhou no Twitter: “Nosso advogado é instrutor de tiro credenciado na PF. Tem instruído Renan, Bolsonaro 04. Disse que o garoto é fera”. O texto acompanha uma foto em que Luiz Gustavo está ao lado de Jair Renan, filho de Jair Bolsonaro — o mesmo que agora tem negado ligações estreitas com Jefferson.

A ligação de Luiz Gustavo com as armas chamou a atenção de convidados do próprio entorno de Jefferson num jantar na casa da advogada Karina Kufa, que trabalhou para a família Bolsonaro. Na ocasião, em fevereiro de 2021, o representante de Jefferson e do PTB disse a convidados que cogitava exibir uma arma durante uma sustentação oral numa audiência do Supremo, a ser realizada por videoconferência.

O plano nunca foi adiante e ficou restrito a uma conjectura daquela noite, embalada pela voz do próprio Jefferson — ele entoou à capela “Smile”, de Charles Chaplin, e “My Way”, do repertório de Frank Sinatra, para divertir os presentes, num clima mais ameno que o do último domingo, marcado pelos mais de 50 tiros de fuzil e os explosivos que atirou contra a PF.

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