Advogados pedem que STF investigue declarações tenebrosas de Damares
Advogados pedem que, caso as declarações da ex-ministra sejam verdadeiras, Damares e Bolsonaro sejam solicitados a explicar como descobriram "tamanhas atrocidades". É requisitado também que eles sejam investigados por prevaricação, uma vez que não teriam tomado qualquer providência ao tomarem conhecimento do que ocorria com as crianças. Damares utilizou a fala chocante para pedir votos ao presidente e vídeo foi compartilhado por Flávio
O Ministério Público Federal no Pará solicitou informações nesta segunda-feira (10) ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos sobre supostos crimes contra crianças denunciados pela ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), eleita senadora. O órgão também pediu que a pasta informe quais providências tomou ao descobrir os casos e se houve denúncia ao Ministério Público ou à polícia.
Durante um culto no último sábado 8, na igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia (GO), Damares afirmou, sem apresentar provas, que crianças brasileiras de três e quatro anos na Ilha de Marajó (PA) — lugar que fica próximo à fronteira com Suriname e Guiana Francesa — foram traficadas e tiveram seus dentes “arrancados para não morderem na hora do sexo oral”. Além disso, disse que elas só comiam “comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”.
“Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal. Bolsonaro [PL] disse: ‘Nós vamos atrás de todas elas’. E o inferno se levantou contra esse homem. A guerra contra Bolsonaro que a imprensa, o Supremo e o Congresso levantou, acreditem, não é uma guerra política. É uma guerra espiritual. […]”, prosseguiu ela.
A fala mentirosa da ex-ministra Damares e agora senadora por DF é sintomática da extrema direita global por aludir a um fantasioso complô pró-pedofilia e guerra espiritual de Bolsonaro como salvador é basicamente uma adaptação brasileira da teoria conspiracionista do QAnon. pic.twitter.com/LMyQZx21DY
— judz (@nietzsche4speed) October 11, 2022
Vídeo com as declarações de Damares foi publicado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, e compartilhado nas redes sociais pelo deputado federal eleito Mario Frias (PL-SP). Na gravação, Damares alega ter descoberto o suposto caso durante sua atuação no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Evangélicos se pronunciando após as mentiras de Damares pic.twitter.com/lMXfw2OuiV
— Economia Política (@Economia_Polit) October 11, 2022
Advogados pedem que STF investigue declarações
Também nesta segunda, o grupo Prerrogativas, que reúne advogados e juristas, acionou o Supremo Tribunal Federal (STF). O grupo pediu a abertura de um procedimento a fim de investigar possível crime de prevaricação por parte de Damares.
“Se as estarrecedoras declarações forem verdadeiras, tanto a então ministra DAMARES REGINA ALVES, quanto o presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO, devem explicar as providências tomadas para apuração de tamanhas atrocidades”, afirma o coletivo.
Advogados do grupo pedem ao STF e ao MPF que, caso as declarações da ex-ministra sejam verdadeiras, Damares e Bolsonaro sejam solicitados a explicar quais medidas tomaram para a “apuração de tamanhas atrocidades”. É requisitado também que eles sejam investigados por prevaricação, uma vez que não teriam tomado qualquer providência ao tomarem conhecimento do que ocorria no local.
O grupo não descarta que as falas de Damares sejam “mentirosas’ e que teriam o objetivo de “alimentar discursos de ódio e tumultuar o processo eleitoral”. Desta forma, eles cobram também que a ex-ministra seja intimada a apresentar “provas do que alegou”.
“Se as declarações de Damares não forem verdadeiras, é também muito grave, pois a ex-ministra estaria banalizando um problema muito sério [o estupro de crianças] que é responsabilidade de todo e qualquer brasileiro combater esse tipo de violência”, afirma Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas.
O grupo pede ainda que sejam “tomadas medidas urgentes” para evitar a propagação de mentiras. E adverte que o vídeo de Damares tem sido divulgado como material de campanha eleitoral nas redes de Flávio Bolsonaro, que tenta ligar as falas da ex-ministra a “resquícios de PT pelo Brasil”.
Com CartaCapital e FolhaPress
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