É muito difícil analisar uma eleição tão polarizada quanto a que vimos nesse domingo, dia 02 de outubro, mesmo com as pesquisas mostrando o contrário e uma folga para a vitória do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), o resultado dos votos mostrou uma relação muito distinta e que torna simplista dizer que é uma polarização exacerbada.
Ao avisarmos sucintamente as eleições, pensando não só nas candidaturas majoritárias, mas nas legislativas de deputados e senadores, vemos a vitória dos seguidores de Jair Messias Bolsonaro (PL), que aumentaram dentro do senado federal, principalmente, seus ex-ministros foram eleitos, tornando o congresso um resultado de um extremismo, que não vê a realidade das coisas.
Não estou dizendo que o certo é estar do lado de um e o errado de outro, só que a definição de ética do brasileiro está completamente defasada, pois para a população existe uma forma de “falsa justiça” com as próprias mãos, não deixando que a justiça, que é falha no país, siga suas ações e deixe de lado seus erros nos últimos 5 anos, que deixou um ex-presidente encarcerado e que como ele acredito que as investigações devem continuar e agir de maneira justa sem ideologias políticas.
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Os atos atrozes de Jair Messias Bolsonaro (PL), durante os anos de seu primeiro mandato, se diluem nas eleições, pois eticamente não importa ao brasileiro as quase setecentas mil vidas da pandemia de COVID-19, mas mesmo assim, a pergunta que fica é: porquê não há para ele a mesma ideia de justiça, com as descobertas de casos como a rachadinha, orçamento secreto, sigilo de 100 anos. Será que o povo quer mesmo justiça, ou como a justiça nas ruas, ela tem cor, gênero, raça e principalmente, classe social. Até porque se vc é branco, como eu e Bolsonaro, a polícia e a justiça te vem como um “santo” andando pela rua e dificilmente será parado.
Estou longe de dizer que não existe empatia, por mais que haja visto pessoas que se formaram em pedagogia e trabalharam com criança, fazendo arminha, achando isso bonito e bacana, sendo que arma não deve ser nem usada por criança ou qualquer ser humano que se preze. A vida deveria valer mais do que qualquer coisa, mas não é o que vemos, vemos o reflexo de algo que me chama bem a atenção.
Comparando com o que ocorre na Colômbia, pensando no ex-presidente Álvaro Uribe, que acredita em violência contra a violência em um país dominado pelo narcotráfico e guerrilhas políticas rurais denominadas como “terroristas”, só vê essa saída por “meio da bala”, o que chamou a atenção de milhares de colombianos que votaram contra o Acordo de paz, fazendo-o quase não ser feito. Mas felizmente, hoje em dia, vemos que a paz está sendo feita, novamente por meio do diálogo.
Trouxe esse exemplo, pois no Brasil, vemos o mesmo acontecendo, com um presidente eleito com o mesmo discurso de Uribe e o ex-presidente da Colômbia, Iván Duque, aumentando ainda mais a violência. Ao contrário, aqui se é contra o roubo e a delinquência em geral e se acredita que só acabará por meio da violência. Me parece ignorante ver alguém que fez pedagogia achar que isso resolve.
Estudos políticos sociais, garantem que a delinquência ocorre quando a economia está fraca e diminui o poder de compra da população, mas sobre tudo, com a falta de uma educação que de preze no país, tanto que podemos ver que quanto mais próspero ou com a educação mais eficiente, menos delinquência podemos ver. Até porque, com uma política educacional adequada e uma economia forte, qual jovem periférico vai preferir fazer parte do mundo do tráfico?
O ato de não acreditar na justiça, pois claro, ela é falha, parece fazer com que a população, ache que deve fazê-la com as próprias mãos, o que de torna um discurso extremamente chamativo, por ser compreensível, que aquelas pessoas que não tem nada, acabem sendo “roubadas”, a raiva que gera ver que não de pode sair de casa por conta da delinquência, é compreensível, mas o foco ético para resolver esse problema, parece não estar em um processo adequado.
Assim, é óbvio que estou longe de dizer que a corrupção, a delinquência, o racismo, a violência e entre outras questões, não sejam importantes pautas para serem resolvidas no país, mas assim como na Colômbia e no México, resolver essas questões com violência, (usando-as como exemplo), só geram mais e mais violência, tornando-se em uma “constante e enorme bola de neve”, que só aumenta as suas vítimas. Como nos tentou mostrar Marielle Franco: quantos mais terão que morrer para essa guerra acabar?