Pais das crianças que apareceram na campanha de Bolsonaro sem autorização ficaram indignados. "Quero saber quem autorizou a veiculação da minha filha nesse vídeo? Peço que retire imediatamente do ar", desabafou um pai. A campanha do presidente agiu em conluio com uma escola do DF, que havia informado apenas que faria um 'passeio por pontos turísticos de Brasília para uma gravação para a Copa do Mundo'. Nesse dia, foi exigido que as crianças fossem para a aula vestidas com a camisa da seleção
Vários pais ficaram indignados na última sexta-feira (7) ao verem seus filhos aparecerem sem autorização em uma propaganda eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Primeiramente, quero saber quem autorizou a imagem da minha filha, uma das negras, vinculada a esse vídeo? Peço que retire imediatamente esse vídeo do ar para que você não tenham problemas judiciais! Eu e a mãe dela já estamos falando com o nosso advogado para continuar”, relatou Milsinho, pai de uma das meninas.
Milsinho registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente dizendo que a escola onde a filha estuda levou os alunos, menores de idades, a um evento de campanha sem o consentimento dos pais.
O homem disse que o colégio havia informado apenas que faria um passeio por pontos turísticos de Brasília para uma gravação de um vídeo para a Copa do Mundo. Para o passeio, a instituição de ensino pediu que as crianças usassem camisetas da seleção brasileira.
A escola enviou para os pais um pedido de autorização para gravação de um videoclipe. No bilhete, o colégio escreveu que estava em “contagem regressiva” para o torneio de futebol e recomendou que as crianças estivessem na instituição às 7h30, vestidas com a camiseta do Brasil ou uniforme e que levassem lanche reforçado.
As imagens foram divulgadas por Fábio Wajngarten, coordenador de comunicação da campanha do presidente, nas redes sociais e mostram Bolsonaro ao lado das crianças, muitas com camisas nas cores verde e amarela, no Palácio do Alvorada, cantando a música “Mostra tua força Brasil”. A publicação viralizou ao ser reproduzida por apoiadores do presidente.
No post de Wajngarten, Milsinho fez um comentário pedindo a exclusão do vídeo das redes sociais, mas não obteve resposta até o momento. “Não queremos tratar de política nesse caso. Não é porque é o Bolsonaro ou o Lula. A questão é que eu preciso saber onde a minha filha vai. Não gostei de vê-la exposta nacionalmente e mundialmente agora”, afirmou.
“Minha filha vai fazer 10 anos agora. Nunca teve rede social. Sempre tentamos preservá-la. Agora, me sinto mãos atadas, porque não consigo resolver essa situação. As imagens já reverberaram mundialmente”, acrescentou o homem.
“Nós tememos represálias, minha filha é negra, as pessoas estão matando pessoas por causa de cor de camisa e posicionamento político. A gente não quer que nossa filha passe por isso. Nós estamos muito tristes, pois eu sinto que não consegui proteger minha filha”, lamentou.
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