Para estrategistas de Bolsonaro, "Lula se irrita com facilidade, e os debates podem produzir momentos constrangedores para o petista que poderão ser divulgados nas redes sociais". Campanha de Bolsonaro considera que a repercussão dos vídeos editados nas redes é mais relevante do que o debate em si
O primeiro debate do segundo turno vai acontecer no próximo domingo (16), na TV Bandeirantes, a partir das 20h, e as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) já vão começar a preparar os candidatos para o embate. Segundo informações do jornal O Globo, Bolsonaro vai tentar irritar o petista ao máximo, especialmente nas perguntas.
A ordem na campanha bolsonarista, dada pelo próprio chefe do Executivo, é “ir para cima de Lula”. A estratégia é passar o maior tempo perguntando e, assim, encaixar nos questionamentos algumas acusações contra o petista.
Para estrategistas de Bolsonaro, Lula se irrita com facilidade e, por isso, os debates podem produzir momentos constrangedores para o ex-presidente e que poderão ser divulgados nas redes sociais.
No debate da Globo no primeiro turno, a equipe de Bolsonaro se vangloriou com os resultados de sua estratégia ao terceirizar ataques contra Lula com o candidato Padre Kelmon (PTB), que causou a revolta do petista com perguntas sobre corrupção.
“Hoje a corrente que está ganhando força, até por decisão do presidente, é repetir o estilo que ele adotou no primeiro bloco do debate da Globo, que é um estilo mais agressivo e provocador. A avaliação é que, se Bolsonaro conseguir tirar Lula do sério, pode ser uma coisa boa, porque ele poderia mostrar uma instabilidade do Lula. E com isso Bolsonaro eventualmente poderia conquistar alguns votos”, avaliou a jornalista Carla Araújo.
Lula faz treinamento
Após o evento em Pernambuco, Lula vai iniciar já nesta sexta-feira (14) a preparação para o debate organizado pela Band, TV Cultura, Folha de S. Paulo e UOL. O trabalho voltado ao debate se estenderá pelo sábado (15) e pelo domingo. Há uma possibilidade que Lula dê entrevista coletiva no sábado.
A preparação para o debate vai ser feita com os aliados mais próximos de Lula, como Geraldo Alckmin (do PSB, vice na chapa), Gleisi Hoffmann (presidente nacional do PT e coordenadora-geral da campanha), Aloizio Mercadante, Edinho Silva e Rui Falcão (coordenadores de comunicação). O marqueteiro Sidônio Palmeira e a equipe de comunicação de Lula também devem ajudar na preparação, assim como a mulher de Lula, Janja.
A campanha espera que Bolsonaro faça ataques abaixo da linha da cintura, com informações falsas e ofensas pessoais. O desafio é manter Lula calmo, mas sem deixar de responder o adversário de forma contundente. Um dos integrantes da campanha vai representar o papel de Bolsonaro, reproduzindo os xingamentos que devem vir do presidente.
A avaliação dos coordenadores da campanha é que, no primeiro turno, Lula teve um desempenho muito bom nas entrevistas para o Jornal Nacional, Programa do Ratinho e CNN, mas que poderia ter ido melhor nos dois debates que participou, da Band e da TV Globo.
No debate da Band, o diagnóstico foi de que Lula estava apático e não foi incisivo ao rebater os ataques. Interlocutores da campanha, no entanto, avaliaram que o saldo não foi tão negativo porque, na ocasião, Bolsonaro agrediu verbalmente a jornalista Vera Magalhães.
Interlocutores dizem que o dado positivo dos debates no segundo turno para Lula é que ele terá mais tempo para responder às perguntas e menos concorrentes para enfrentar.
Além de perguntas dos jornalistas, o debate terá uma formato de confronto direto onde cada candidato terá 15 minutos de tempo no relógio para falar, podendo parar a qualquer momento.