CadÚnico ganhou mais 10 milhões de pessoas na miséria no governo Bolsonaro
Cadastro que abriga os brasileiros que vivem na pobreza extrema expõe a ignorância e a insensibilidade social de Bolsonaro. Estão alistados no CadÚnico 49 milhões de brasileiros. Desse total, 10 milhões de pessoas entraram ao longo da gestão Bolsonaro. A despeito disso, o presidente tem declaro que ninguém passa necessidade no Brasil
via blog do Josias de Souza
A notícia sobre o processo de engorda a que vem sendo submetido o CadÚnico, cadastro que abriga os brasileiros que ralam na pobreza extrema, expõe a ignorância e a insensibilidade social de Jair Bolsonaro (PL). Estão alistados no cadastro da penúria 49 milhões de brasileiros. Desse total, 10 milhões de pessoas entraram no rol escassez ao longo da gestão Bolsonaro.
A despeito disso, o presidente declarou dias atrás que “não se justiça” passar fome no Brasil, porque os famintos poderiam requerer o Auxílio Brasil. Ou seja: a realidade não deixa de existir porque Bolsonaro a ignora. O CadÚnico, que abriga a clientela dos programas sociais, não para de crescer. Em vez de aguardar por novas inscrições, Bolsonaro deveria reativar um mecanismo que seu governo extinguiu. Chama-se “busca ativa”.
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No momento, nada é tão real quanto a miséria do brasileiro. Em campanha pela reeleição, Bolsonaro recorreu ao Cadastro Único quando quis acenar para o eleitorado pobre. Empurrou para dentro do Auxílio Brasil mais 500 mil famílias. Com isso, o programa passou a socorrer 21,1 milhões de famílias. Não é por falta de pobreza que o governo deixa de exercitar sua vocação social. O problema é que Bolsonaro só notou a miséria ao redor quando precisou de votos.
O presidente já afirmou que não existia “fome pra valer no Brasil”. O noticiário expôs a fila do osso. Mostrou pessoas apanhando alimento descartado nos caminhões de lixo, defronte de supermercados. Mas o presidente disse não ter visto ninguém “pedindo pão no caixa da padaria”. A posição de Bolsonaro evoluiu. Hoje, ele já admite a existência da fome. Mas atribui a culpa aos famintos, que não se dão ao trabalho de engordar um pouco mais os registros do Cadastro Único de miseráveis.
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Pela lei, considera-se como extremamente pobre o brasileiro que recebe R$ 105 por mês. Bolsonaro orgulha-se de ter arrancado do Congresso autorização para pagar à clientela do antigo Bolsa Família uma mensalidade de R$ 600. Por ora, vale apenas até o final do ano eleitoral. Mas o presidente diz que “não se justifica” passar fome porque, com uma diária de R$ 20, pode-se comprar “dois quilos de frango no supermercado.” O Barão de Itararé, pseudônimo do célebre humorista Apparício Torelly, costumava dizer que “quando pobre come frango, um dos dois está doente.”
Vivo, o velho Barão diria que, se Bolsonaro continuar tirando os pobres da miséria na velocidade pretendida, vai acabar anunciando um programa novo durante o debate da TV Globo, a menos de 48 horas do término do segundo turno. Será batizado de PIM, Programa de Importação de Miseráveis. Não resolverá o problema da fome no Brasil. Mas permitirá a Bolsonaro cumprir as metas publicitárias de sua campanha.
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