Campanha de Bolsonaro fez de tudo para impedir transporte público gratuito no 2º turno
Dos maiores ataques escancarados à democracia neste 2º turno foi o esforço de Bolsonaro junto a prefeitos e governadores para impedir o voto popular. O objetivo é aumentar abstenções impondo dificuldades econômicas de transporte a um povo que literalmente tem comido osso para sobreviver
A campanha de Jair Bolsonaro (PL) tentou, até os últimos instantes, impedir o voto de pessoas pobres com ações que visavam barrar a gratuidade do transporte público no dia da eleição.
Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, liberou prefeituras e empresas concessionárias para oferecerem transporte público de forma gratuita no dia do segundo turno. Todas as capitais foram liberadas.
O ministro atendeu e um pedido do partido Rede Sustentabilidade. No primeiro turno, a abstenção de votos atingiu o maior índice desde 1998, quando 21,5% não foram votar. A decisão de Barroso pretende facilitar o deslocamento dos eleitores e diminuir as abstenções.
Bolsonaro, entretanto, parece não se importar com aqueles que não conseguem comparecer às urnas, uma vez que pressionou a Advocacia-Geral da União (AGU) para se posicionar contra a medida.
Bolsonaro é contra uma deliberação que favorece o voto dos mais pobres porque ele está atrás de Lula neste segmento social. O petista tem cerca de 65% dessa faixa do eleitorado, enquanto Bolsonaro alcança 35%.
Existe, portanto, um receio que a gratuidade do transporte público durante o dia 30 de outubro possa favorecer Lula no segundo turno. Essa é a preocupação dos aliados de Bolsonaro.
Embora a maioria dos eleitores morem perto de seu colégio eleitoral, muitos se mudaram e não atualizaram o local de votação. Para essas pessoas, a decisão de Barroso pode incentivar a ida às urnas.
“É preciso reconhecer, de forma expressa, que os Municípios podem, sem incorrer em qualquer forma de ilícito administrativo, civil, penal ou eleitoral, promover política pública de transporte gratuito no dia das eleições, como forma de garantir as condições materiais necessárias para o pleno exercício do sufrágio ativo”, afirmou Barroso.
Em Minas Gerais, Romeu Zema disse que era contra a liberação de transporte público gratuito no dia da eleição. Em Brasília, Ibaneis foi obrigado pela Justiça a oferecer transporte de graça.
Por não conseguir impedir a gratuidade do transporte público, o governo Bolsonaro lançou sua última cartada neste sábado (29), quando uma denúncia revelou que a PF e a PRF, subordinadas ao governo, agiriam para dificultar o transporte de eleitores durante todo o domingo.
A denúncia chegou nas mãos de Alexandre de Moraes, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu que a Polícia Rodoviária Federal realize qualquer operação relacionada ao transporte público de eleitores.
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