Apoiadores de Bolsonaro que demonstraram 'indignação' com o filme de Danilo Gentili estão passando pano para o "pintou um clima" com meninas de 13 e 14 anos. "Esse povo se revolta mais com uma ficção do que com um caso real"
O apresentador e humorista Danilo Gentili, que apresenta o talk show ‘The Noite’, do SBT, cujo filme “Como se tornar o pior aluno da escola” foi censurado pelo Ministério da Justiça em março deste ano por suposta apologia à pedofilia, foi ao Twitter, neste domingo, relembrar o acontecido e falar do caso de Bolsonaro e as meninas venezuelanas.
Num programa de YouTube, na última sexta-feira, o presidente disse que, durante um passeio de moto, avistou meninas de 14 e 15 anos e que “pintou um clima” antes de pedir para ir à casa delas. Bolsonaro tem sido chamado de pedófilo nas redes sociais, e Gentili lembrou que foi o governo bolsonarista que o acusou do mesmo crime na época da suspensão do filme.
“O governo q me acusou de pedofilia por causa de filme justifica um velho dizer que viu uma menina e “pintou um clima”. Os mesmos q mandaram me demitir acham normal um presidente saber da existência de um ponto de prostituição infantil e não tomar nenhuma providência contra isso”, escreveu Danilo.
Segundo a colunista Malu Gaspar, a campanha de reeleição do presidente já até escalou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para tentar consertar estrago da fala sobre as meninas, repercutida por adversários e celebridades durante todo o sábado e domingo. Já foram gastos R$ 145 mil em anúncios no Google para rebater as acusações de que o Bolsonaro seria pedófilo.
O caso Gentili
Em março deste ano, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que o filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, com Danilo Gentili e Fabio Porchat, fosse removido dos catálogos das plataformas de streaming no Brasil. Lançado em 2017, o longa foi alvo de críticas de influenciadores bolsonaristas, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, tomou providências pressionado pela militância do presidente. Além de censurado das plataformas, o filme teve a classificação etária alterada de 14 para 18 anos.
O que motivou a decisão do Ministério da Justiça foi uma cena na qual o personagem de Fábio Porchat, o vilão Cristiano, chantageia e assedia sexualmente dois garotos. Cristiano interrompe Pedro (Daniel Pimentel) e Bernardo (Bruno Munhoz), pede que eles parem de discutir e, para não serem prejudicados na escola, o masturbem. As crianças reagem com espanto e repulsa, negando o pedido. O filme, dirigido por Fabrício Bittar, é inspirado em um livro homônimo de Gentili, publicado em 2009.
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No início de abril, a uíza Daniela Berwanger Martins, da 7ª Vara Federal do Rio, liberou a exibição do filme, considerando a remoção de “Como se tornar o pior aluno da escola” das plataformas desnecessária já que classificação indicativa foi alterada de 14 para 18 anos.
A decisão atendeu a pedidos do Ministério Público Federal e da Associação Brasileira de Imprensa. Ambos requisitaram liminar na Justiça Federal para sustar os efeitos da censura, alegando, por exemplo, o cerceamento da liberdade de expressão.
O Globo
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