ELEIÇÕES 2022

Padre é ameaçado de morte por apoiar Lula e faz Boletim de Ocorrência

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Documento aponta mensagens pedindo linchamento, morte e expulsão do padre: 'Tinham que matar um padre desse', 'Esse padre deveria ser expulso da cidade' e 'esse padre deveria ser linchado em praça pública'"

Padre Volnei Weber

Um padre de Rondonópolis, no Mato Grosso, começou a receber ameaças de morte via WhatsApp e telefone após alugar o salão da paróquia para um evento de comemoração ao aniversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que completou 77 anos nesta quinta-feira (27).

Volnei Weber, de 52 anos, registrou um boletim de ocorrências na Polícia Civil de Mato Grosso na quarta-feira (26).

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O portal Uol teve acesso ao documento, que apontava: “Algumas [ameaças] diziam o seguinte: ‘Tinham que matar um padre desse’, ‘Esse padre deveria ser expulso da cidade’ e ‘que esse padre deveria ser linchado em praça pública'”.

A comoção em torno do anúncio fez com que a Paróquia São José Operário emitisse uma nota de esclarecimento.

No texto, aponta que o salão costuma ser alugado para diferentes eventos que não têm nenhuma ligação com a igreja e que, no passado, foi usado para celebrações de cunho político “da direita e da esquerda”. A locação foi feita seguindo causas contratuais, por R$ 1,2 mil.

“Locamos o salão paroquial para diversos eventos ao longo desses 56 anos de existência da nossa paróquia, tanto para festas particulares, quanto para eventos políticos, tanto da direita e da esquerda. Sempre alugamos esse salão e nunca tivemos problema em relação à locação do mesmo”, afirmou.

Um dia depois, a Diocese de Rondonópolis informou que o contrato foi rompido. “Diante da repercussão nas redes sociais sobre o contrato de aluguel firmado pela Paróquia São José Operário da cidade de Rondonópolis, comunico que após um diálogo fraterno e respeitoso com o Padre Volnei Weber, decidimos romper o contrato para garantir a comunhão que nos identifica como cristãos católicos”, disse em nota.

No boletim de ocorrências, consta ainda que a medida foi tomada para “acalmar os ânimos da população”. Segundo os organizadores do evento, os ataques foram feitos por “grupos de extrema-direita nas redes sociais”.

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A festa foi transferida para o Centro de Eventos Tulipas. A repercussão fez com que o salão atingisse capacidade máxima e pessoas tiveram que se amontoar do lado de fora, na rua do local. A princípio, eram esperados 2 mil visitantes, mas a contagem final chegou a 6 mil.

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