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ELEIÇÕES 2022 04/Out/2022 às 22:24 COMENTÁRIOS
ELEIÇÕES 2022

"Picanha mito": mulher morre em confusão gerada por promoção em açougue bolsonarista

Publicado em 04 Out, 2022 às 22h24

Mulher morre em tumulto em frigorífico de bolsonarista que vendia 'picanha mito'. Promoção usava a imagem de Jair Bolsonaro e valia para quem usasse camiseta de apoio ao presidente. A confusão foi registrada em vídeo. Antes da tragédia, Michelle Bolsonaro chegou a elogiar a promoção e chamou o dono do estabelecimento de "muito patriota". Juiz eleitoral suspendeu a propaganda e afirmou que a prática configura crime

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Uma mulher morreu no último domingo (2) após um tumulto gerado por uma promoção do ‘Frigorífico Goiás’. O estabelecimento comercial anunciou a venda da “picanha mito” por R$ 22 para quem usasse uma camiseta amarela de apoio a Jair Bolsonaro (PL).

Um vídeo mostra diversos clientes aglomerados tentando forçar a entrada no local. As portas de vidro se quebraram. Seguranças tentaram conter o tumulto, mas acabaram sendo empurrados. A Polícia Militar foi chamada para tentar acabar com a confusão.

“Eles anunciaram que o quilo da picanha de R$ 129,00 seria vendido por R$ 22,00 para quem aparecesse no açougue vestido com roupas de apoio a Bolsonaro. As pessoas aglomeraram, começaram a se bater, foi um inferno. Lamento muito que a mulher tenha morrido, outras pessoas passaram mal”, relatou uma testemunha.

O caso foi registrado inicialmente como morte acidental. O marido da vítima é bombeiro aposentado e disse a mulher acabou sendo espremida na porta. Ela conseguiu ser retirada do local e retornou para o carro, mas o homem relatou que a perna da esposa estava muito inchada e ela reclamava muito de dor. A vítima foi levada para um hospital, mas não resistiu e morreu devido a uma hemorragia interna.

Antes da morte da mulher, a primeira-dama Michelle Bolsonaro elogiou a ação do frigorífico nas redes sociais. “Muito patriota”, comento Michelle na postagem do açougue no Instagram.

Após a tragédia, o juiz eleitoral Wilton Muller Salomão determinou a suspensão da promoção e da divulgação da propaganda. “A venda de carne nobre em preço manifestamente inferior ao praticado no mercado, no valor de R$ 22, revela indícios suficientes para caracterizar, em sede de um juízo não exauriente, conduta possivelmente abusiva do poder econômico em detrimento da legitimidade e isonomia do processo eleitoral”, escreveu o magistrado.

Um especialista em justiça eleitoral informou que o desconto de mais de R$ 100 no kg de picanha pode ser configurado como um “incentivo” ao eleitor votar em Bolsonaro. “Pode ser um elemento para incentivar o voto. Claro que deve ser analisado, mas pode ser configurado crime de corrupção eleitoral”, disse.

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