Mulher morre em tumulto em frigorífico de bolsonarista que vendia 'picanha mito'. Promoção usava a imagem de Jair Bolsonaro e valia para quem usasse camiseta de apoio ao presidente. A confusão foi registrada em vídeo. Antes da tragédia, Michelle Bolsonaro chegou a elogiar a promoção e chamou o dono do estabelecimento de "muito patriota". Juiz eleitoral suspendeu a propaganda e afirmou que a prática configura crime
Uma mulher morreu no último domingo (2) após um tumulto gerado por uma promoção do ‘Frigorífico Goiás’. O estabelecimento comercial anunciou a venda da “picanha mito” por R$ 22 para quem usasse uma camiseta amarela de apoio a Jair Bolsonaro (PL).
Um vídeo mostra diversos clientes aglomerados tentando forçar a entrada no local. As portas de vidro se quebraram. Seguranças tentaram conter o tumulto, mas acabaram sendo empurrados. A Polícia Militar foi chamada para tentar acabar com a confusão.
“Eles anunciaram que o quilo da picanha de R$ 129,00 seria vendido por R$ 22,00 para quem aparecesse no açougue vestido com roupas de apoio a Bolsonaro. As pessoas aglomeraram, começaram a se bater, foi um inferno. Lamento muito que a mulher tenha morrido, outras pessoas passaram mal”, relatou uma testemunha.
O caso foi registrado inicialmente como morte acidental. O marido da vítima é bombeiro aposentado e disse a mulher acabou sendo espremida na porta. Ela conseguiu ser retirada do local e retornou para o carro, mas o homem relatou que a perna da esposa estava muito inchada e ela reclamava muito de dor. A vítima foi levada para um hospital, mas não resistiu e morreu devido a uma hemorragia interna.
Antes da morte da mulher, a primeira-dama Michelle Bolsonaro elogiou a ação do frigorífico nas redes sociais. “Muito patriota”, comento Michelle na postagem do açougue no Instagram.
Após a tragédia, o juiz eleitoral Wilton Muller Salomão determinou a suspensão da promoção e da divulgação da propaganda. “A venda de carne nobre em preço manifestamente inferior ao praticado no mercado, no valor de R$ 22, revela indícios suficientes para caracterizar, em sede de um juízo não exauriente, conduta possivelmente abusiva do poder econômico em detrimento da legitimidade e isonomia do processo eleitoral”, escreveu o magistrado.
Um especialista em justiça eleitoral informou que o desconto de mais de R$ 100 no kg de picanha pode ser configurado como um “incentivo” ao eleitor votar em Bolsonaro. “Pode ser um elemento para incentivar o voto. Claro que deve ser analisado, mas pode ser configurado crime de corrupção eleitoral”, disse.