Por que Pedro diz defender a democracia, se ajudou a eleger um presidente que homenageia torturadores e reverencia os métodos autocráticos? A pior coisa para um político é a insegurança quanto ao que prega e, principalmente, ao que faz. Não confiar em si mesmo e não ter posicionamento claro desperta e estimula a demagogia
Estamos na véspera do segundo turno da eleição de 2022 e o candidato ao governo da Paraíba Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) ainda não declarou publicamente o seu apoio a Jair Bolsonaro (PL).
Até o dia 2 de outubro isso era compreensível. Afinal, o MDB se aliou com a federação PSDB-Cidadania, o que levava Pedro a, naturalmente, se dizer eleitor de Simone Tebet.
Ocorre que, nesta hora política, não há razões maiores para o filho de Cássio Cunha Lima esconder sua preferência já conhecida por Bolsonaro. Algumas perguntas continuam martelando a cabeça do eleitor paraibano:
1. Por que Pedro Cunha Lima escondeu durante toda a sua campanha que vota em Bolsonaro? Ou, se quer os votos do eleitor de Lula, por que então não declarou apoio ao ex-presidente?
2. Por que Pedro diz defender a democracia, se ajudou a eleger e sustentar no poder um presidente que homenageia torturadores e reverencia os métodos autocráticos?
Sim, não é de hoje que a família Cunha Lima se aproximou de Bolsonaro. Em 2018, Cássio chegou a abandonar o correligionário Alckmin no meio do caminho da campanha presidencial para abraçar Bolsonaro.
A pior coisa para um político é a insegurança quanto ao que prega e, principalmente, ao que faz. Não confiar em si mesmo e não ter posicionamento claro desperta e estimula a demagogia, mas nem sempre os mais competentes disfarces funcionam.
Quando Bolsonaro esteve em João Pessoa (PB), há alguns meses, Pedro foi recepcioná-lo e posou sorrindo ao lado do atual mandatário. Após se consolidar como candidato ao governo da Paraíba, Pedro tentou se desassociar oportunamente de Bolsonaro, pois as pesquisas indicavam larga vantagem de Lula no estado.
Toda essa insegurança coloca em xeque o caráter da candidatura de Pedro e apenas reforça a tese de que o herdeiro da oligarquia Cunha Lima não passa de uma marionete da família. Isto é, se chegar ao poder, governará sob as ordens do pai.
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