Adolescente de 16 anos invadiu escolas do ES e matou professores e aluno. Ele é matriculado em uma das instituições de ensino e confessou que utilizou as armas do pai para cometer o atentado; crime foi planejado por dois anos. Tragédia na primeira escola só não foi maior por conta de ação heroica de professor
Um adolescente de 16 anos é o autor do atentado a tiros contra duas escolas de Aracruz (ES), que deixou três pessoas mortas. Ele é filho de PM e planejou a ação por dois anos, de acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo.
Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira (25), também foi informado que profissionais da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, a primeira unidade de ensino atacada e onde o infrator estudava até alguns meses atrás, vinham recebendo ameaças de morte que anunciavam “vingança”.
De acordo com informações de testemunhas à polícia, após o crime, o adolescente se escondeu na casa dos pais e confessou o atentado. O pai dele, tenente da PM capixaba, chamou a polícia e informou onde o filho estava, logo após conferir os vídeos da ação, em que o adolescente aparece utilizando a arma do oficial. O veículo utilizado na ação estava estacionado na garagem da família e também foi rastreado pela polícia.
O adolescente foi encaminhado à 13ª Delegacia Regional de Aracruz e, na chegada ao local, dezenas de pessoas cercaram a viatura e houve princípio de tumulto. Revoltados, moradores queriam agredir o atirador.
“Ele contou que há dois anos estava planejando esse ataque. Hoje ele acordou e resolveu executar. Ele pegou o carro do pai, cobriu as placas, cometeu o ato e depois voltou pra casa. Ele se abrigou numa segunda casa que a família tinha”, explicou o chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda.
O delegado detalhou ainda que o adolescente portava duas armas de fogo, um revólver calibre 38 e uma pistola ponto 40 que pertencia ao pai. “Acreditamos que ele não tinha um alvo definido. Vamos investigar a história a fundo e procurar saber como ele se relacionava nos últimos meses na internet”, completou Arruda.
De acordo com a polícia, o adolescente foi retirado da unidade de ensino no primeiro semestre deste ano por “não se adaptar à rotina da escola”. Os detalhes desse processo não foram esclarecidos. As Polícias Civil e Militar, no entanto, acreditam que ele seria o autor das ameaças contra uma diretora e um professor da instituição, com base em relatos de estudantes sobre o que teriam ouvido o ex-aluno compartilhar. A motivação das ameaças ainda não foi esclarecida.
O primeiro ataque
Um professor de 37 anos, presente na sala dos docentes invadida pelo adolescente, entrou em confronto com o ex-aluno da instituição e conseguiu impedir que ele recarregasse a arma de fogo usada na ação. O homem disse que ele e os colegas foram surpreendidos enquanto estavam tomando café, pouco antes das 10h.
“Assim que vi ele entrando armado e atirando, tentei me abrigar e achei uma barra de ferro”, contou o profissional de ensino. Na primeira investida durante o crime, seis pessoas foram baleadas.
“Assim que vi ele entrando armado e atirando, tentei me abrigar e achei uma barra de ferro”, contou o profissional de ensino. Na primeira investida durante o crime, seis pessoas foram baleadas.
“Quando percebi que ele estava recarregando a pistola, bati na mão dele para tentar evitar que ele recarregasse e ele fugiu”. No local, ele atingiu 11 pessoas, duas delas, professoras que morreram ainda no local – a professora de matemática Cybelle Passos Bezerra Lara, 45, e a docente de artes Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, 48. “Só vi ele entrando no carro e indo embora”, completou o professor.
Depois de desistir da ação na sala dos professores, no entanto, o garoto teria deixado a unidade de ensino, mas resolveu investir contra uma segunda escola, o Centro Educacional Praia de Coqueiral, na mesma avenida.
Imagens feitas por câmeras de segurança registraram a ação do atirador no Centro Educacional Praia do Coqueiral, a segunda invadida. Levando uma arma nas mãos, o infrator atravessou o portão do colégio, após arrebentar um cadeado, e correu em direção à porta de acesso ao prédio onde ficam as salas de aula. Ele então começa uma “caçada” pelos corredores da escola, correndo por diversas áreas do edifício e esticando a arma com frequência, ficando em posição para atirar.
Um dos trechos mostra dois alunos e uma funcionária caminhando por um corredor quando, de repente, ouvem a ação do atirador. Eles então começam a correr e se separam em busca de refúgio, sendo seguidos.
Uma outra câmera capturou um aluno correndo para dentro de uma sala de aula vazia, com a mão na barriga. Logo em seguida, o garoto cai no chão, ensanguentado na região do abdômen.
Toda a ação no colégio durou pouco menos de 2 minutos. Segundo informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Espírito Santo, três pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas nos dois atentados.
No Twitter, Lula disse ter tomado conhecimento do caso “com tristeza”. “Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia absurda”, escreveu, e prestou apoio ao governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) “na apuração do caso e amparo para as comunidades das duas escolas atingidas”. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não se pronunciou.