ELEIÇÕES 2022

Antes do pronunciamento, Bolsonaro combinou casa, salário e advogados com Valdemar

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Valdemar Costa Neto vai bancar salário, casa e advogados para Bolsonaro a partir de 2023. Objetivo de Bolsonaro era usar os protestos para provocar um motim policial, mas ele perdeu a 'batalha das estradas' a partir do momento que a população, as instituições e as organizações se voltaram contra a baderna dos seus grupelhos. Como alternativa ao plano inicial, ele fez um pronunciamento covarde e cifrado para tentar manter a mobilização dos seus fanáticos

O PL, partido de Jair Bolsonaro, acertou com o mandatário que irá bancar as despesas dele a partir de 2023, quando deixará o Palácio do Planalto. O atual presidente foi derrotado nas urnas neste domingo (30), data do segundo turno que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Conforme apurado pela coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, fez um acordo com Bolsonaro na segunda-feira (31) para que ele assuma um cargo no PL. Dessa forma, receberá um salário todos os meses.

Também ficou acertado que a legenda bancará as despesas do aluguel de uma casa e de um escritório em Brasília, além de advogados para defender Bolsonaro nos processos aos quais responde no STF (Supremo Tribunal Federal) e em outras instâncias. Atualmente são 58 processos no STF e todos podem “descer” para a 1ª instância.

A ideia do PL, segundo o parlamentar, é permitir que o atual presidente seja a “principal liderança política da oposição” durante o terceiro governo Lula.

Bolsonaro tentou golpe, mas não conseguiu

“Com esse silêncio, Bolsonaro convocou o terceiro turno, mas perdeu mais capital político nesses dois últimos dias como golpista do que em quatro anos como um caquistocrata. Ele perdeu a batalha das estradas, apoio no Congresso, no Judiciário e revelou a verdadeira face do bolsonarismo, que é a baderna”, avalia o jornalista Roberto Toledo.

Para o jornalista, o objetivo de Bolsonaro era usar os protestos para provocar um motim policial. “Suspeito que essa era a arma que ele estava contando para dar sustentação ao bloqueio das estradas e servir de desculpa para uma intervenção militar para reestabelecer a ordem. Como nada disso aconteceu, o Bolsonaro mudou de tática: fez um pronunciamento covarde e cifrado para tentar manter a mobilização dos seus fanáticos”, afirmou.

O também jornalista Kennedy Alencar também faz avaliação parecida sobre Bolsonaro ter perdido o “terceiro turno” e diz que o discurso do presidente pode ser uma tentativa de negociar algum tipo de anistia. “Ele tentou um golpe tabajara que fracassou. Bolsonaro achou que esse bloqueio ia levar massas para a rua, uma coisa meio que Jânio Quadros, em 1961, quando renunciou achando que ia voltar nos braços do povo”, disse Kennedy.

“O Bolsonaro está isolado. Já chegou à eleição isolado politicamente do ponto de vista de qualquer apoio para uma tentativa de golpe”, prosseguiu. “Na noite da eleição, o contragolpe civil funcionou na hora. [Lula] teve reconhecimento internacional super rápido, ministros do Supremo ligaram para ele e o Centrão abandonou Bolsonaro na largada, o primeiro foi Arthur Lira”, destacou.

“Foi um pronunciamento covarde, sem o reconhecimento da derrota e com ‘apito de cachorro’ — uma senha que ele dá aos seus seguidores para tentar tumultuar. É uma reação covarde, parecida com a do Trump”, comparou.

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