No apagar das luzes, Bolsonaro vende empresa pública pelo valor que lucra em um ano
A poucos dias de deixar a Presidência, Bolsonaro vende a SIX, Unidade de Industrialização de Xisto, por R$ 210 milhões. O valor da venda é pouco superior aos R$ 200 milhões de lucro registrado pela empresa em 2021, o que comprova o quão absurda foi a 'negociação'
Perto do fim, o governo de Jair Bolsonaro (PL) se mantém firme na política de destruição do país e vende uma empresa pública pelo preço simbólico de seu lucro em apenas um ano. Trata-se da PetroSIX – Unidade de Industrialização de Xisto, localizada em São Mateus do Sul, no Paraná. O grupo canadense Forbes & Manhattan Resources Inc. fechou o negócio, no valor de US$ 41,6 milhões, equivalente a R$ 210 milhões.
“O valor da venda é pouco superior aos R$ 200 milhões de lucro registrado pela SIX em 2021. Mais uma negociação absurda que denuncia o tamanho do entreguismo da gestão Bolsonaro na estatal.” A crítica é do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Destilação e Refino de Petróleo de São José dos Campos e Região.
Na linha de produção da SIX estão o óleo combustível, gás combustível, produtos para asfalto, cimento e outros. A empresa criou 17 unidades para desenvolver novas tecnologias de refino e petroquímica, gás e energia e produtos derivados. “A usina de xisto trabalha com tecnologia própria, desenvolvida e patenteada pela Petrobras – Petrosix –, que acabou incorporada pelos canadenses, com aval do governo que se diz patriota”, diz ainda o sindicato.
Conforme reportagem da Agência Pública, de fevereiro, uma comissão interna da Petrobras, à qual a SIX era vinculada, investigou em 2012 um possível vazamento de informações sigilosas sobre a Petrosix para a Forbes & Manhattan. E desaconselhou negócios com a empresa. Mas a Petrobras não acatou.
Bolsonaro ainda pretende vender refinarias
A FUP e a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás questionaram a venda da SIX na Justiça, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e no Tribunal de Contas da União (TCU).
“A venda da SIX é mais um crime contra o patrimônio nacional”, diz o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, que espera conseguir reverter o negócio.
Já a Petrobras afirma que a venda estaria em consonância com resolução do Conselho Nacional de Política Energética. Que integra o compromisso firmado pela companhia com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a abertura do setor de refino no Brasil. E que o negócio está alinhado à estratégia de gestão de seus bens “visando à maximização de valor e maior retorno à sociedade”.
O governo Bolsonaro negociou ou concluiu a venda de refinarias da Petrobras. Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas; Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará; e Landulpho Alves (Rlam), na Bahia.
O governo Bolsonaro quer vender a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; a Presidente Getulio Vargas (Repar), no Paraná; e a Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. Os projetos conflitam com as ideias do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, contrário à privatização. Em sua campanha, prometeu investimentos na Petrobras para que amplie atividades de refino até como estratégia para baixar o preço dos combustíveis.
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