ELEIÇÕES 2022

Bolsonaristas vaiaram gols do Brasil: “Não ligamos para a Copa, só para as Forças Armadas”

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Registros mostram que bolsonaristas ignoraram estreia da seleção na Copa e vaiaram gols do Brasil em frente a quartéis. Os golpistas também estão abandonando a camisa da seleção: "Não queremos ser confundidos com torcedores". A ordem nos grupos era para que todos usassem preto na hora do jogo, como forma de protesto às "posições esquerdistas" do técnico Tite e de jogadores como Richarlison, autor dos dois gols

Florencia Tan Jun/PxImages/Icon Sportswire via Getty Images

Desde 31 de outubro ocupando a entrada do quartel em Jundiaí, no interior de São Paulo, centenas de golpistas ignoraram completamente a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Qatar. Dezenas de barracas estão espalhadas pela calçada às margens da rodovia Anhanguera.

“A gente gosta de futebol, gostamos da Seleção. Mas a Copa tem de quatro em quatro anos, e nesse momento preferimos ajudar o Brasil”, diz um homem. “Queríamos pernoitar, mas não vai ser possível, infelizmente”, completa a esposa dele.

“Eu nunca imaginei que ia torcer contra o Brasil no futebol”, dizia outro bolsonarista, ao se encontrar com um colega. “Vi um monte de gente desesperada querendo chegar em casa pra ver essa porcaria”, completou.

Voaram críticas para todos os lados: à própria Copa, ao presidente da FIFA, que teria ficado “incomodado com o boicote dos brasileiros ao jogo” (fake news espalhada pelas redes sociais), aos jogadores, “que, quando veem que o negócio aperta aqui, fogem para o exterior”.

“Ficam dando atenção para esse bando correndo atrás de uma bola, em vez de mostrar nossa luta. Eu já queria quer perdesse e fosse embora hoje mesmo”, reclamou mais um.

Durante todo o período do jogo, algumas pessoas até abriam o celular para consultar o placar. No primeiro gol de Richarlison, aos 17 minutos do segundo tempo, houve comemoração nas redondezas. Era possível ouvir rojões em bairros próximos. Quando os golpistas consultaram “o que havia acontecido”, as vaias tomaram conta do ambiente.

Já no segundo, aos 28 minutos da etapa final, também de Richarlison, as vaias se intensificaram. Alguns bolsonaristas ficaram indignados com o resultado, xingando os jogadores e retomando as mesmas falas de antes da partida.

Capital paulista

Em frente ao Comando Militar do Sudeste, na capital paulista, dezenas de pessoas comiam churrasco na hora do jogo, mas ninguém celebrava a vitória da seleção brasileira sobre a Sérvia. Nem mesmo um discreto grito de gol foi ouvido quando Richarlison balançou a rede pela primeira vez.

Enquanto o primeiro jogo do Brasil acontecia, parte do grupo usava a camisa oficial da seleção com a logomarca da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) coberta por uma fita isolante.

A ordem disparada em grupos golpistas nas redes sociais para que todos se vestissem de preto na hora do jogo, no entanto, não foi acatada pela maior parte dos manifestantes. A mudança de look seria em protesto às posições supostamente esquerdistas do técnico Tite e de jogadores como Richarlison, autor dos dois gols.

Em um aparelho de som, nos primeiros minutos da partida, um dos organizadores agradeceu a quem abriu mão de estar em casa com a família ou em bares assistindo ao jogo da seleção.

“Cada um de vocês que está aqui sabe muito bem que não estamos nem aí para futebol, Copa do Mundo, seleção brasileira”, disse, assim que a partida começou. Não havia televisores no protesto nem qualquer outro tipo de transmissão da partida.

“O que importa é o futuro da nação, dos nossos filhos e netos. Só o que importa agora são as Forças Armadas, poder moderador da República, agirem e tomarem conta desse país, dessa bagunça”, completou, enquanto um grupo rezava o terço.

com informações de TAB e UOL