Enquanto Valdemar Costa Neto tentou polemizar, ministro das Comunicações diz que é preciso reconhecer a derrota e seguir em frente: "Bolsonaro ainda está tentando entender o que vai fazer nos próximos dias. Eu, particularmente, acho que a gente tem que seguir adiante, pensar no Brasil. Sou contra bloqueio de estradas e 'intervenção federal'", diz Fábio Faria
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda está “assimilando” a derrota nas eleições presidenciais deste ano.
O mandatário foi frustrado na tentativa de reeleição ao ser vencido nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), numa disputa acirrada decidida por pouco mais de dois milhões de votos.
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Há mais de uma semana da divulgação do resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o chefe do Executivo fez somente uma aparição pública que durou dois minutos. Para Faria, esse “silêncio” é um período de reflexão para Bolsonaro.
“Ele [Bolsonaro] é um ser político. Antes de ser presidente, ele ficou 28 anos como deputado. Saiu do baixo clero para virar presidente da República, algo que ninguém nunca tinha visto. Eu acho que neste momento agora ele está assimilando, tentando entender o que aconteceu, o que ele vai fazer nos próximos dias para frente”, disse o ministro em entrevista para o jornal Valor Econômico.
Faria indica que, mesmo com a vitória de Lula, o bolsonarismo segue muito forte, e a expectativa é que Bolsonaro possa liderar esse movimento. Mas isso só deve acontecer depois que ele tiver tirado um tempo para “reflexão”.
“O que a gente quer é que ele consiga juntar essa turma toda, esse legado que ele fez, esses deputados e senadores. O bolsonarismo está muito forte, está vivo. Isso é reflexo de um governo que deu certo em muitas áreas e teve entregas importantes. Mas eu acho que é um momento de dar a ele esse momento de reflexão. É um momento dele mesmo, de dar um tempo ao presidente. Depois que ele assimilar tudo, ele deve convocar os ministros para ter uma conversa”, avaliou.
O ministro também respondeu sobre as manifestações promovidas por apoiadores de Bolsonaro pelo país. Em atos que pedem golpe e intervenção federal, bolsonaristas fecham rodovias desde o dia 30 de outubro e atacam policiais que tentam desfazer as obstruções.
Fábio Faria disse ser contra os bloqueios e apontou que é a hora de “seguir em frente”. “Eu lutei, me dediquei integralmente como ministro para ajudar o presidente Bolsonaro. Por acreditar nele e por ser muito grato e leal ao convite que ele me fez como ministro. Mas, depois que passaram as eleições, eu acho que agora é o momento de ter serenidade, tranquilidade, de pensar no Brasil”, disse.
“Eu não quero ser contra quem quer vestir a camisa e sair nas ruas. Acho que cada um tem o direito de fazer o que quer. Mas eu, particularmente, acho que a gente tem que seguir em frente, olhar para a frente. A gente tem que pensar no país. Manifestações pacíficas, sim. Bloqueio de estradas e “intervenção federal”, sou contra”, acrescentou ao jornal Valor Econômico.