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EUA elegem 164 republicanos que alegaram ‘fraude’ na eleição de Biden

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164 negacionistas que alegaram 'fraude' na vitória de Biden para a Presidência foram eleitos hoje nos EUA pelo mesmo sistema eleitoral

(Imagem: Ricardo Arduengo | Reuters)

Deutsche Welle

Mais de 160 candidatos que negaram ou questionaram os resultados das eleições presidenciais de 2020 foram eleitos nesta terça-feira (08/11) para o Congresso dos Estados Unidos ou para cargos de governos estaduais.

Os norte-americanos foram às urnas para eleger senadores, deputados e governadores, nas eleições legislativas de meio mandato, as chamadas midterms. Estavam em disputa todos os 435 assentos da Câmara de Representantes e 35 das 100 cadeiras do Senado. Os deputados são eleitos para mandatos de dois anos, e os senadores, de seis.

De acordo com o jornal norte-americano The Washington Post, até agora, os resultados parciais mostram que já foram eleitos 164 republicanos que negaram ou questionaram a vitória de Joe Biden no pleito de 2020.

Atacar sistema eleitoral é tática comum para minar confiança nas democracias

Flórida e Texas estão entre os estados que escolheram o maior número de políticos negacionistas nestas eleições, incluindo a reeleição dos governadores dos dois estados, Ron DeSantis e Greg Abbott, que também abraçaram alegações de fraude eleitoral.

Abbott apoiou uma ação movida pelo procurador-geral do Texas, Ken Paxton, que tentava anular os resultados das eleições de 2020 em quatro estados do país. Já DeSantis realizou uma campanha na Flórida contra “crimes eleitorais” que levou à detenção de 20 pessoas por terem supostamente votado ilegalmente.

Alabama, Idaho e Dakota do Sul também elegeram negacionistas como governadores. Kay Ivey, reeleita para um segundo mandato como governadora do Alabama, chegou a ter um anúncio de campanha em que alegava que “empresas de tecnologia e os liberais em estados democratas roubaram a eleição de Trump” e prometeu que no seu estado isso não iria acontecer

Cerca de 300 candidatos republicanos espalhados pelo país apoiaram a teoria – promovida pelo ex-presidente Donald Trump – de que as eleições de 2020 foram fraudulentas ou questionaram os resultados do pleito, segundo dados do instituto Brookings.

Negacionistas no Congresso

Entre os senadores republicanos que abraçam essas ideias e saíram vitoriosos das eleições legislativas de meio mandato estão o escritor JD Vance, que venceu uma disputa acirrada em Ohio, e Ted Budd, da Carolina do Norte, que foi eleito pela primeira vez para a Casa.

Gestor de fundos de investimentos, Vance sempre sustentou que a eleição de 2020 foi roubada, com um grande número de pessoas que teriam supostamente votado ilegalmente. Na época, ele apoiou o senador do Missouri Josh Hawley que se recusou a certificar os votos do colégio eleitoral em 6 de janeiro de 2021.

Budd, que cumpriu três mandatos na Câmara de Representantes, acusou os democratas de colocar em risco a “integridade das eleições” e apresentou no Congresso um projeto de lei para combater a fraude eleitoral.

Além dos congressistas negacionistas, há ainda candidatos a cargos que têm peso nos processos eleitorais dos estados, como procurador-geral, governador ou secretário de estado. Flórida, Ohio, Carolina do Sul e Alabama elegeram candidatos que apoiaram falsas teorias de fraude eleitoral.

Na Flórida, por exemplo, a procuradora-geral Ashley Mood, que foi reeleita para um segundo mandato, liderou, juntamente com o governador DeSantis, a campanha para deter pessoas acusadas de “voto ilegal”.

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