A Baía da Guanabara virou um cemitério de embarcações. Responsável por providenciar a retirada desses navios, a Marinha ainda não informou se há um inventário ou um plano para remover essas embarcações
O navio que colidiu com a Ponte Rio-Niterói nesta segunda-feira levando caos e transtorno por toda a cidade não é nenhum desconhecido de quem passa diariamente pelo trecho que liga as duas cidades fluminenses. A embarcação, batizada de São Luiz, já esta ancorada no mesmo trecho há seis anos. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com o ecologista Sérgio Ricardo Potiguara, um dos fundadores da ONG Baía Viva, “a Baía de Guanabara virou um cemitério de embarcações. O São Luiz é um navio fantasma, totalmente corroído com ferrugem”
O último levantamento oficial, feito em 2002 pela Secretaria de Estado do Ambiente, apontou cerca de 200 embarcações (ou seus restos náuticos) na região, mas a falta de um inventário dificulta a contagem atual.
“Isso acarreta riscos à vida marinha, problemas de saúde coletiva, problemas de navegabilidade, impacto no turismo, perdas econômicas do setor pesqueiro”, afirmou Potiguara.
Segundo a Secretaria Estadual do Ambiente, é competência da Marinha providenciar a retirada dessas embarcações. As autoridades até tentam, leiloando o corte das embarcações para que empresas de sucata reaproveitem o material. Em 2013, segundo a pasta, um homem arrematou por apenas R$ 680 a retirada de um dos navios que impedem a abertura do terminal pesqueiro
Questionada sobre a existência de um inventário e de um plano de remoção dos navios abandonados, a Marinha informou que responderá “assim que possível”.
O São Luiz é uma embarcação petroleira que tem 244,75 metros de comprimento e 42,36 metros de largura. Em nota sobre o navio divulgada nesta segunda, a Marinha afirmou que o São Luiz é alvo de processo judicial e está na baía “desde fevereiro de 2016 sem apresentar riscos à navegação”.
Além dos problemas de navegabilidade, Ricardo Potiguara afirma que a pesca artesanal está prejudicada. “Os pescadores de Ponta de Areia [Niterói] e São Gonçalo estão muito empobrecidos. Eles não conseguem chegar com pescado pelo risco de bater em pontas de ferro de embarcações afundadas”, afirmou.
A batida entre o navio São Luiz e a Ponte Rio-Niterói deixou marcas no guarda-corpo da via e na embarcação, que foi levada por rebocadores até o Porto do Rio, na manhã desta terça-feira (15).
A embarcação pertence a ‘Navegação Mansur’, fundada pelo pioneiro do setor em São Francisco de Itabapoana, Simão Mansur, deputado estadual pelo Rio por 12 anos e que chegou a ser vice-governador nos anos 60. Entretanto, atualmente existe uma disputa judicial e por isso a embarcação não pode ser usada.