No fim da breve conversa que teve com Alckmin na semana passada, Jair Bolsonaro mostrou que continua assombrado por 'ameaças ocultas'. Alckmin contou a aliados que, já na porta para sair do gabinete, Bolsonaro agarrou seu braço e disse: "Por favor, nos livre do comunismo". Na conversa com Bolsonaro, Alckmin também afirmou que foi surpreendido pela decoração do gabinete presidencial
Durante o breve encontro entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o vice eleito Geraldo Alckmin (PSB), o atual mandatário segurou no braço do ex-governador de São Paulo e pediu que ele livrasse o país do “comunismo”.
A situação, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, foi confidenciada por Alckmin a interlocutores e registrada na semana passada, quando Bolsonaro e o vice-presidente eleito se encontraram no Palácio do Planalto, em Brasília.
A ida de Bolsonaro ao Planalto para o encontro com Alckmin chamou atenção, já que o chefe do Executivo fez raríssimas aparições após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último dia 30 de outubro.
Na época, foi divulgado que Bolsonaro pretendia cumprimentar o coordenador do governo de transição. Contudo, em conversas com os mais próximos, o ex-governador de São Paulo contou que Bolsonaro o segurou pelo braço no final da conversa e fez o pedido inusitado para que ele livre o País do comunismo.
Alckmin só contou o episódio a três pessoas muito próximas. O vice-presidente de Lula demonstrou ter achado o episódio engraçado já que ele próprio, que foi adversário político do petista por décadas, nunca o viu como uma ameaça comunista para o país.
Alckmin também disse a interlocutores que foi surpreendido pela decoração do gabinete presidencial. Segundo o relato, havia no espaço um enorme lençol pendurado com o escudo do Palmeiras.
O encontro entre Alckmin e Bolsonaro não estava previsto em agenda. O vice-presidente eleito saía de uma reunião com o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) quando foi chamado por um assessor de Bolsonaro para subir ao gabinete
Transição
A reunião do governo de transição no Palácio do Planalto, na semana passada, durou cerca de meia hora e teve a participação da presidente do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), e do ex-ministro e fundador da sigla Aloizio Mercadante (PT).
Representando o governo Bolsonaro estavam o presidente do PP, Ciro Nogueira (PP) e Luis Eduardo Ramos, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Alckmin disse que Ramos os parabenizou pela eleição e se colocou à disposição para ajudar no que for necessário.
“Nos cumprimentou, deu os parabéns, desejou um ótimo trabalho e se colocou à disposição nesse período de transição, porque quem faz a transição é o ministro Ciro Nogueira, mas tem uma parte que ele participa”, afirmou o vice-presidente eleito.