Ônibus com bebês e idosos fica parado 24h por causa de bloqueio de bolsonaristas
"A água do nosso ônibus acabou, a situação está deplorável. O banheiro já está sem papel. Tem gente com recém-nascido, bebês chorando com sede, fome, é muito complicada a situação. Tem idosos no ônibus, muitas pessoas de grupo de risco". Paralisações golpistas também provocaram desabastecimento de remédios e alimentos em várias regiões
As paralisações em rodovias provocadas por baderneiros bolsonaristas têm levado o caos a passageiros que tentam se deslocar desde a noite de domingo (30). Eles relatam longas esperas em ônibus, falta de água e de comida. Grupos com crianças têm ainda mais transtornos.
Uma estudante de 19 anos relatou que ficou pelo menos quase 24 horas parada em um bloqueio na BR-101 em Joinville, no Norte catarinense, nesta segunda-feira (31). Ana Paula Bergamo Yokoyama, que viaja para Porto Alegre (RS), conta que idosos e recém-nascidos também estão no ônibus. “A situação está deplorável”, afirmou.
A jovem saiu de Curitiba (PR), por volta das 21h de domingo (30), em direção à capital gaúcha. Por causa das barreiras, no entanto, o veículo parou em Joinville, onde está com outros ônibus no estacionamento de um restaurante, às margens da rodovia.
“A água do nosso ônibus já acabou, a situação do nosso ônibus está deplorável. O banheiro já está sem papel. Tem gente com recém-nascido, está bem complicada a situação. Tem idosos no ônibus, muitas pessoas de grupo de risco”, destacou a jovem.
Ameaças
Alunos e professores do curso de geologia, da UFRJ, denunciam que tiveram o ônibus barrado em um bloqueio de manifestantes bolsonaristas na cidade de Barra Mansa, nesta segunda-feira (31).
Eles seguiam para um trabalho de campo na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, e chegaram a ter esperança de passar no bloqueio, quando os manifestantes liberaram ônibus e carros de passeio. No entanto, ao verem o símbolo da Universidade Federal do Rio de Janeiro no veículo e constatarem que ele carregava estudantes, impediram a passagem e começaram a hostilizar seus ocupantes. Imagens da situação foram postadas nas redes sociais.
“A gente se sentiu intimidado a todo momento. Eles cercaram o ônibus, começaram a filmar. A gente anda pela cidade e passa gente provocando, perguntando se votou no Lula. É uma situação humilhante e perversa”, disse uma aluna.
Cenas lamentáveis
Em viagem do Rio para São Paulo, uma bancária de 24 anos aguardava a liberação da rodovia com o marido e a filha de 7 anos nesta segunda. Ela ficou presa na altura de Barra Mansa (RJ) porque a Via Dutra, principal ligação rodoviária entre o Rio e São Paulo, foi bloqueada na segunda-feira. “As crianças ficam sentadas na rodovia. Tem ônibus com bebês chorando”, disse.
“Quem comprou água, alimento, está oferecendo o tempo todo, mas (os caminhoneiros) não querem liberar a pista. Simplesmente acham que são os donos da via e podem acabar com o direito de ir e vir das pessoas”, reclamava.
“A cena é lamentável. Tem muitos ônibus parados, com famílias, crianças pequenas, todo mundo na rua, procurando sombra”, contava a nutricionista Adriana Cardoso.
Sem comida e sem água no ônibus, ela caminhou com malas, pelo acostamento, até o restaurante mais próximo. “Andei 8 km. É muita coisa, super cansativo, puxando mala”, diz a nutricionista. Ela estava sem comer desde a noite do dia anterior.
Alexandre de Moraes
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou na manhã desta terça-feira (01/11) que pelo menos 246 bloqueios bolsonaristas já foram desfeitos desde que o ministro Alexandre de Moraes, do TSE, determinou que seja colocado um fim na baderna. O terroristas que foram às ruas não aceitam o resultado democrático das urnas e pedem ‘intervenção militar’.
O total de interdições é de 217 bloqueios, segundo balanço divulgado às 6h. Ainda de acordo com a polícia, a maioria das paralisações está sendo realizada por “grupos de 15 a 20 pessoas”. Os manifestantes usam o mesmo modus operandi: bloqueiam as vias com pneus e colocam fogo. Se alguém tiver um veículo grande ou caminhão, também usa para reforçar a barricada.
Moraes ordenou ontem à noite que a PRF e policiais militares dos estados desobstruam todas as rodovias bloqueadas desde ontem por caminhoneiros e terroristas bolsonaristas.
Moraes apontou que os registros dos atos tornam “inegável” que “a PRF não vem realizando sua tarefa constitucional e legal”. O ministro ressaltou que a decisão é de caráter imediato e, se não for cumprida, resultará em multa de R$ 100 mil por hora para o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, a partir da meia-noite do dia 1º de novembro.
Além da penalidade, o ministro determina que, em caso de descumprimento, aconteça o “afastamento do Diretor-Geral das funções e a prisão em flagrante de crime” e fala em “omissão e inércia da PRF” para resolver a situação.
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