Mulher pede medida protetiva ao Ministério Público após ser chamada de 'petista de merda' por PM e ser obrigada a urinar na viatura: "Eu estava com a bandeira do PT amarrada na cintura. Ele apontou o fuzil na minha cabeça e disse que eu tinha que morrer"
Uma mulher de 48 anos foi covardemente agredida por um policial militar e obrigada a urinar dentro de uma viatura ao ser abordada em uma blitz em São Vicente, no litoral de São Paulo. Hélida Duarte entrou com pedidos de medida protetiva e instauração de um inquérito policial no Ministério Público (MP). A ação foi protocolada por meio da defesa de Hélida nesta segunda-feira (7).
A defesa do PM afirma que Hélida ‘quase atropelou’ o policial. “Filma aí, filma aí, quase me atropelou”, diz o policial em uma gravação. Em resposta, a mulher fala: “Me chamou de petista de merda. Me dá o meu celular”.
A defesa de Hélida pediu ao Ministério Público a representação junto ao juiz pela decretação de medidas protetivas em favor da mulher e também da testemunha que estava no local. Elas estão com medo de sofrerem represálias dos policiais.
De acordo com o advogado Rui Elizeu, um dos policiais teria procurado a família da mulher para pressioná-la a não levar adiante a denúncia contra ele. Além disso, o advogado pede para que seja requisitado à Delegacia Seccional de Praia Grande, cidade vizinha, a instauração de um inquérito policial para apuração dos fatos.
Rui justifica pede que o inquérito não seja feito na Delegacia de São Vicente, pois o delegado titular precisa esclarecer os motivos da ocorrência não ter sido recepcionada pela autoridade e equipe de plantão; de ter chegado às 3h e só ter sido registrada às 9h30 e de não ter sido disponibilizada uma cópia do B.O.
Entenda o caso
Hélida Duarte foi parada em uma blitz na madrugada de domingo para segunda-feira (31), após a eleição, e os ataques teriam começado quando o policial viu uma bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT) na cintura dela.
Hélida disse que estava retornando da comemoração do resultado das eleições presidenciais quando foi parada, por volta das 2h15, na Avenida Presidente Wilson. Segundo ela, o carro estava sem o licenciamento e, por isso, precisou descer do veículo.
“Eu estava com a bandeira do PT amarrada na cintura. O PM apontou um fuzil na minha cabeça, me chamou de ‘petista de merda’ e disse que eu tinha que morrer. Eu estou toda arrebentada, eles me enfiaram no camburão. Me fizeram urinar dentro do camburão quando eu disse que precisava ir ao banheiro. Eu fiquei toda urinada”, desabafou.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que havia bebida alcoólica dentro do carro da mulher e ela foi detida por desacato e desobediência.