Professora de escola particular é demitida após explicar para alunos de 11 anos "de onde vêm os bebês e como eles são feitos". Ela abordou o tema em sala depois de ter sido questionada por uma aluna. Ao perceber que outros estudantes também compartilhavam da mesma dúvida, decidiu falar sobre a questão de maneira didática. Alguns pais se irritaram e pediram a cabeça da educadora
Uma professora foi demitida de uma escola particular na cidade de Cerejeiras, em Rondônia, após explicar para os alunos “de onde vêm os bebês e como eles são feitos”. O assunto abordado em sala irritou alguns pais, que pediram a cabeça da educadora.
Elaine Cosmo, 36, abordou o tema em sala de aula depois que uma aluna do 5º ano, em uma sala com crianças com idades entre 10 e 11 anos, pediu explicações a ela sobre o assunto. Ao perceber que outros estudantes também compartilhavam da mesma dúvida, ela decidiu falar sobre o tema com as crianças.
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“Uma aluna levantou a mão e fez a pergunta. Ela contou que a mãe não teria respondido à sua dúvida e mandou ela perguntar para a professora. Diante da situação, perguntei na sala e outros quatro alunos também disseram não saber de onde vinham os bebês, por isso resolvi explicar”, conta a professora. Havia 16 alunos na aula.
“Eu expliquei que para fazer um bebê precisava de um homem e uma mulher. Os dois, juntos, em um ato sexual. A mulher é quem vai gerar, porque ela tem o útero, e o homem é quem fabrica o espermatozoide. E ainda expliquei que para fazer um bebê era preciso ser ‘maior de idade’ porque era muita responsabilidade”, disse.
No dia seguinte, Elaine diz que foi para a escola pela manhã e deu sua aula normalmente. À tarde, quando já estava em casa, foi convocada pela coordenação para uma reunião urgente com a direção.
A conversa com a direção que resultou na demissão da professora foi no dia 25 de outubro. No encontro, ela teria sido informada que os pais dos alunos haviam reclamado do conteúdo demonstrado em aula e exigiram uma providência.
“A direção me disse que alguns pais haviam ido até à escola reclamar da minha conduta. Eles alegaram que durante a minha explicação em sala de aula utilizei gestos obscenos para explicar o assunto, o que não é verdade. Eu sequer pude conversar com os pais e entender o que estava acontecendo, simplesmente me chamaram lá para me demitir”, relata a docente.
Ainda segundo Elaine, ela trabalhava havia três meses na escola e tinha uma boa relação com os pais dos alunos e com a direção do local. A escola afirma que a professora não respeitou o planejamento pedagógico para falar sobre educação sexual.
“Eles disseram que todos os pais da turma pediram a minha saída, mas não é verdade. Alguns chegaram a me ligar e a me mandar mensagens lamentando tudo”, acrescenta Elaine.
A professora conta ainda que atua na área há oito anos, deu aula na rede municipal e estadual e que nunca enfrentou problemas com seu conteúdo ensinado.
“Estou bastante abalada emocionalmente com tudo o que aconteceu, jamais esperava passar por uma situação como essa, ainda mais sabendo que eu não falei nada de mais. Me senti como se eu fosse uma pedófila”, diz a professora, que relata enfrentar dificuldades para conseguir um novo emprego e também tem trabalhado como manicure
“A cidade é pequena, perdi diversas clientes devido à repercussão do caso, por isso estou dando a minha versão da situação. Tenho três filhos, meu marido também está desempregado e nossa renda caiu muito depois de tudo o que aconteceu”, conta Elaine.