Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas bancárias de 43 pessoas físicas e empresas que financiam os atos de bolsonaristas golpistas. Entre elas, estão empresas de transportes, de maquinário agrícola e até banco
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, no último dia 12 de novembro, o bloqueio das contas bancárias de 43 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de financiar atos antidemocráticos. E também o depoimento à Polícia Federal (PF) em até 10 dias. Entre elas, estão empresas de transportes, de maquinário agrícola e até banco.
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A decisão está sob sigilo e envolve empresas que teriam financiado os bloqueios ilegais feitos em rodovias e manifestações contestando o voto da maioria dos eleitores e pedindo intervenção militar em frente a quartéis do Exército em todo o país, desde as primeiras horas da confirmação da derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, em 30 de outubro.
As ações em estradas de 25 estados, ao longo de dias, causaram prejuízos econômicos e sociais. Sem contar casos de pessoas que perderam consultas médicas, exames, sessões de hemodiálise. Houve até um caso de doação de um coração que acabou prejudicada.
Atos golpistas são criminosos ao abolir do Estado Democrático de Direito
Em decisão, Moraes afirma que os direitos de greve e de reunião são garantidos pela Constituição. Mas que esses protestos foram criminosos ao “propagar o descumprimento e desrespeito ao resultado do pleito eleitoral […], com consequente rompimento do Estado Democrático de Direito e a instalação de um regime de exceção”.
Segundo o ministro, ao pedir por “intervenção federal” podem configurar o crime de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito, cuja pena pode ser de quatro a oito anos de prisão.
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Na semana passada, as Forças Armadas divulgaram nota pública sobre os atos golpistas dos bolsonaristas. O texto dos comandantes, que na véspera estiveram com Bolsonaro, endossou as manifestações, consideradas legítimas. Condenou apenas “excessos que podem afetar direitos”.
Veja a lista de pessoas físicas e jurídicas suspeitas de financiar atos antidemocráticos:
1. Agritex Comercial Agricola Ltda
2. Agrosyn Comercio E Rep. De Insumos Agric
3. Airton Willers
4. Alexandro Lermen
5. Argino Bedin
6. Arraia Transportes Ltda
7. Assis Claudio Tirloni
8. Banco Rodobens S.A
9. Berrante De Ouro Transportes Ltda
10. Cairo Garcia Pereira
11. Carrocerias Nova Prata Ltda
12. Castro Mendes Fabrica De Pecas Agricolas
13. Ceramica Nova Bela Vista Ltda
14. Comando Diesel Transp E Logistica Ltda
15. Dalila Lermen Eireli
16. Diomar Pedrassani
17. Drelafe Transportes De Carga Ltda
18. Edilson Antonio Piaia
19. Fermap Transportes Ltda
20. Fuhr Transportes Eireli
21. Gape Servicos De Transportes Ltda
22. J R Novello
23. Kadre Artefatos De Concreto E Construcao
24. Knc Materiais De Construcao Ltda
25. Leonardo Antonio Navarini & Cia Ltda;
26. Llg Transportadora Ltda
27. M R Rodo Iguacu Transportes Eireli
28. Muriana Transportes Ltda
29. Mz Transportes De Cargas Ltda
30. P A Rezende E Cia Ltda
31. Potrich Transportes – Ltda
32. Rafael Bedin
33. Roberta Bedin
34. Sergio Bedin
35. Sinar Costa Beber
36. Sipal Industria E Comercio Ltda
37. Tirloni E Tirloni Ltda-Me
38. Transportadora Adrij Ltda Me
39. Transportadora Chico Ltda
40. Transportadora Lermen Ltda – Epp
41. Transportadora Rovaris Ltda
42. Trr Rio Bonito T. R. R. Petr. Ltda
43. Vape Transportes Ltda
O que dizem os suspeitos
Em nota, o Banco Rodobens disse que foi “surpreendido ao verificar que consta em tal relação”, e que ainda não teve acesso aos autos, mas que não teve qualquer participação nos atos.
“Antecipando uma análise interna, identificamos que supostamente, dentre os caminhões, encontravam-se clientes com financiamentos na modalidade de leasing operacional, onde a propriedade é do Banco e o cliente arrendatário tem a posse direta do caminhão e pode optar, ao final do contrato, pela aquisição do bem, ou seja, não são bens de uso do Banco Rodobens”, diz o comunicado.
O administrador do Berrante de Ouro, que se identificou apenas como Cristiano, afirmou que os advogados da empresa já estão recorrendo da decisão de Moraes e que demais manifestações serão feitas nos autos do processo. “Nossas manifestações são legais e não estamos impedindo o direito de ir e vir de ninguém”, disse.
Josênia de Rossi, administradora da Kadre Artefatos De Concreto E Construção, se disse revoltada e disse que a empresa pretende recorrer da decisão.
Lista de financiadores tem piloto que doou R$ 500 mil a Bolsonaro
Empresário milionário do agronegócio e piloto amador de rally, Atilio Elias Rovaris doou R$ 500 mil para a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele também é sócio da transportadora Rovaris, com sede em Sorriso (MT), uma das empresas responsáveis por financiar os atos golpistas e um dos maiores financiadores de Bolsonaro na disputa pelo Planalto este ano.
Almoço com Bolsonaro
Apontado como um dos nomes mais importantes do segmento no país, ele esteve em um almoço com o presidente Bolsonaro e outros representantes do setor em Brasília em maio deste ano.
Na ocasião, Atilio disse que a reunião “mostrou a união do agronegócio no Brasil em apoio ao presidente” e ainda posou para uma foto com outros empresários e o próprio Bolsonaro.
O encontro contou com a presença de Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura do atual governo e que se elegeu senadora por Mato Grosso do Sul na eleição deste ano.
Campeão de rally
Em setembro deste ano, o empresário virou notícia no site oficial da Prefeitura de Sorriso (MT) ao se sagrar campeão do Rally dos Sertões na categoria UTV3 e vice-campeão na categoria Sertão Norte.
Ao lado do navegador Flávio Bisi, Atilio percorreu mais de 4,5 mil quilômetros em nove dias de prova, que começou em Foz do Iguaçu (PR) e foi concluída em Salinas (PA).
Segundo o texto, Atilio representou o estado de Mato Grosso na competição, que reuniu cerca de 200 pilotos de todo o mundo. “Estamos muito felizes com o resultado e com o sentimento de dever cumprido”, disse ao site, após subir ao pódio e comemorar o feito.
Atilio posou para foto no veículo usado na competição, confeccionado por bandeiras do Brasil e que leva a sigla GVR (Grupo Valdocir Rovaris).
Aniversário de filho de empresário milionário vira notícia
Até o aniversário do filho de Atilio virou notícia na imprensa local. Em abril deste ano, ele aparece em uma foto com o garoto citando a comemoração em Balneário Camboriú (SC).
Com RBA, Uol e G1
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