Bolsonaristas depredam e incendeiam veículos em Brasília e tentam invadir prédio da Polícia Federal. Segurança na frente do Hotel de Lula é reforçada com atiradores de elite; vias são bloqueadas
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir o prédio da Polícia Federal em Brasília (DF) na noite desta segunda-feira (12). Os policiais reagiram com balas de borracha e bombas de efeito moral.
Frustrados e vestidos com camisas amarelas, os bolsonaristas passaram a atear fogo em carros e ônibus em vias da região, além de atirar pedras nos policiais e quebrar diversos veículos com pauladas. Eles também depredaram postes de iluminação.
Os atos de vandalismo começaram após a PF cumprir o mandado de prisão temporária contra o pastor indígena José Acácio Serere Xavante. O pedido de prisão foi da PGR (Procuradoria-Geral da República), que apontou o indígena bolsonarista como um dos integrantes dos atos antidemocráticos na capital federal.
José Acácio participou, entre outros atos, de um em frente ao hotel onde o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está hospedado durante a transição. O local teve a segurança reforçada após o confronto dos bolsonaristas com a polícia começar. Atiradores do grupo de elite da PF foram enviados para o hotel e a PM criou um cordão de isolamento na entrada.
Há ainda agentes da PM com armamento mais pesado que se posicionaram perto do prédio onde Lula está hospedado. Por volta das 21h, era possível ver próximo ao hotel um ônibus pegando fogo. Às 21h35, a equipe de segurança do hotel orientou quem estava em frente ao prédio a entrar no estabelecimento.
Além do ato em frente ao hotel, a investigação da PF apontou José Acácio como um dos envolvidos em atos antidemocráticos no Congresso Nacional, Aeroporto Internacional de Brasília, no Park Shopping e na Esplanada dos Ministérios.
Pastor indígena
A prisão temporária de José Acácio Serere Xavante deverá ter duração de 10 dias. “A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos”, diz a PGR no pedido de prisão.
Natural de Poxoreu, em Mato Grosso, Serere Xavante é filiado ao Patriotas. Ele foi candidato a prefeito de Campinápolis, município situado a 658 km de Cuiabá. Ele teve apenas 689 votos e não foi eleito. Nas redes sociais, o Serere Xavante se apresenta como pastor evangélico e missionário da Associação Indígena Bruno Ômore Dumhiwê.
“Lula não foi eleito, TSE roubou os votos para Lula, houve crime eleitoral, violaram a urna de votação. O ministro Alexandre de Moraes é bandido e ladrão”, escreveu José Acácio nas redes sociais em 8 de novembro, uma semana após a derrota de Jair Bolsonaro para Lula. O bolsonarista fez diversas publicações de teor golpista.