Momentos desesperados, pedem medidas desesperadas? Pois bem, é o que levou o presidente, Pedro Castillo do Peru a destituir o congresso e pedir Estado de Exceção em seu país.
Aos olhos da esquerda, sempre estas atitudes serão vistas como extremismo da direita, pois claramente, estou longe de acreditar que este tipo de atitude, como fez Daniel Ortega na Nicaragua, sejam atitudes de países democráticos.
Mas precisamos olhar com olhos acadêmicos e não estar gritando e agindo de forma a sermos extremistas dizendo que Castillo é um ditador, como fez o ex-presidente Ollanta Humala, não, cabe a nós, pensarmos de forma clara e entendermos o que leva um presidente a fazer isso.
Sem dúvida é o desespero, pois desde que venceu as eleições, Pedro Castillo sofre com um possível impeachment, pois assim como Lula no Brasil e Boric no Chile, ele pegou o país destruído pela crise sanitária e culpabilizam ele e seu governo por isso.
Castillo não é Lula, ele não tem a mesma destreza política, que está mostrando o presidente brasileiro nos acordos da transição política, ele nem sabia que ia vencer uma eleição presidencial e está aí.
Está é a atitude desesperada de um presidente que vê seu governo em pedaços e não sabe mais o que fazer para tão, ao invés de aprender a governar e colocar o país nos eixos, prefere espernear e usar o que há em suas mãos para agir de forma irresponsável e extrema contra seu povo, sendo que sua atitude, como de todos os outros países, como Boric, Petro, Lula, Arce, deve ser de escuta e de diálogo.
Sabendo que ia ser destituído, está ação nada mais fez do que mostrar uma atitude fraca de um presidente desesperado, que sabia que sofreria o impeachment, tornando-se o quarto presidente seguido a não completar o seu mandato, deixando vaga a presidência do Peru novamente.
Me vem a mente as atitudes da ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, que também sofreu um “impeachment” em 2016, mas suas atitudes foram sair de cabeça erguida e não realizar uma desestruturação constitucional antes da decisão do Congresso Nacional.
Acho difícil que Jair Messias Bolsonaro (PL) utilize o que houve no Peru, como exemplo para impedir a posse de Luís Inácio Lula da Silva (PT), pois ele pode ver que as forças armadas do país não apoiaram as ações ante democráticas, ou seja, ele pode ver, como exemplo as suas atitudes futuras, que por mais que tenha apoio do exército, qualquer país que seja, até vizinhos, a ordem constitucional fala mais alto para as atitudes dos militares do que apoiar um único ser dentro da presidência de seu país.
Cabe agora à esquerda latino-americana, que tem como responsabilidade organizar o que fizeram os governos anteriores, seja em questões sanitaristas, sociais, políticas ou econômicas, os países vizinhos devem usar a atitude de Pedro Castillo, como exemplo do que não fazer, pois sejamos de esquerda ou de direita, podemos perceber que a atitude foi além de infantil, mas de um presidente que só pensou em si mesmo e não na nação que o elegeu. Salvemos a América Latina e a façamos com que possamos andar com nossas próprias pernas.
*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola e Especializando em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil.
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