Para chegar e se manter por 10 dias em Brasília, indígena preso pela PF foi financiado pelo fazendeiro Dide Pimenta, que explica a ação e pede mais dinheiro em um vídeo. O ruralista explica que enviou os indígenas em “oito ônibus de índios” e no último domingo mandou “outras etnias” para Brasília. Agora, estão “com dificuldade de manter os custos dos índios”
O pastor indígena José Acácio Serere Xavante, preso pela Polícia Federal (PF), foi financiado pelo fazendeiro paulista Dide Pimenta, natural de Araçatuba, que tem propriedade em Campinápolis (MT). A região é onde está demarcada a Terra Indígena Parabubure, a qual vive parte da população Xavante e a família do cacique. Cerca de 27 mil indígenas vivem na região, distribuídos em nove terras indígenas.
Para chegar e se manter por cerca de 10 dias na capital federal, o indígena recebeu dinheiro do fazendeiro bolsonarista, que explica a ação e pede mais ajuda financeira em um vídeo. Dide Pimenta justifica que foi procurado pelo cacique porque “queria ajudar na manifestação”.
Ele conta que junto com um grupo de amigos enviou os indígenas em “oito ônibus de índios” (sic) e no último domingo (11/12) mandou “outras etnias” para Brasília. Agora, “estão com dificuldade de manter os índios”. Ele pede que as pessoas doem de R$ 30 a R$ 500 e que “podem passar um PIX para a conta direta do Serere ou passar para a minha”.
“Estamos empenhados nessa luta junto com Serere e Xavantes para manter nossa democracia e nosso capitão [Bolsonaro] no governo”, disse o fazendeiro.
Quem é o “cacique”?
José Acácio Serere Xavante não tem a função de cacique em sua aldeia. Na verdade, quem comanda o local é o Cacique Celestino. Interlocutores da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) explicam que o indígena bolsonarista não é tradicional. Ele se casou há seis anos com uma mulher não indígena e atua como pastor evangélico. A decisão religiosa ocorreu após ser preso por tráfico de drogas. Ele diz que recebeu uma aula para se tornar pastor dentro da prisão e depois “seguiu o chamado”.
A vida política dele teve início em 2010, quando foi candidato à prefeitura de Campinápolis pelo PROS, mas teve votação irrisória, recebendo uma forte rejeição dos próprios Xavantes.
Ainda assim, seguiu pelo caminho da direita e decidiu apoiar Bolsonaro. Em 2020, filiou-se ao Patriotas e ganhou notoriedade em grupos bolsonaristas nas redes sociais. No acampamento do Quartel General em Brasília, ele anda sem camisa, com o corpo pintado e é filmado tecendo críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e às urnas eletrônicas.