Jovem brasileira morreu na Argentina em 2018. Após achar que a morte tinha sido natural, polícia só passou a investigar depois que perita levantou série de questionamentos. Autor foi condenado à prisão perpétua nesta semana. "Minha filha sempre lutou pelo direito das mulheres. A condenação do seu assassino, para nós, representa a persistência dessa luta", desabafa a mãe da vítima
O assassinato da jovem brasileira Luana Carneiro de Melo, de 24 anos, foi finalmente solucionado na última quarta-feira (21/12). Luana morreu enforcada em março de 2018 na Argentina e o autor do crime é um boliviano de 32 anos, que foi condenado à prisão perpétua.
Luana foi enforcada com as mãos até a morte no apartamento em que morava em Buenos Aires. Após achar que morte tinha sido natural, a polícia argentina só passou a investigar depois que uma perita levantou questionamentos.
“Ao mesmo tempo em que nada poderá trazer nossa Luana de volta, saber que seu algoz não estará nas ruas para ferir outras mulheres e que justiça foi entregue à sua memória, nos traz alivio”, disse Rosemary Carneiro, mãe da jovem.
O advogado da família de Luana que acompanhou todo o processo na Argentina, Macos Tosato, explicou que o boliviano Iver Uruchi Condori vai cumprir a pena inicialmente no país, mas que depois os advogados dele podem pedir a transferência para a Bolívia.
A jovem deixou a cidade de Jataí, no sudoeste de Goiás, para estudar idiomas em Buenos Aires. Na época do crime, Luana estava morando há 3 anos na cidade. A mudança para a Argentina representava a realização de um sonho para Luana, segundo a mãe.
“Era um sonho para ela. Ela sempre sonhou em viver uma vida fora do país. Se planejou e foi para lá. Ela estava muito feliz em Buenos Aires”, disse.
A mãe contou ainda que Luana sempre foi estudiosa e que lutava pelo direito das mulheres. Por isso, a condenação do réu se torna ainda mais importante para a família.
“A nossa Luana, em vida, sempre lutou por justiça e pelo direito das mulheres. A condenação do seu assassino, para nós, representa a persistência dessa luta”, contou a mãe.
As investigações
Inicialmente, a polícia argentina apontou que Luana Carneiro tinha morrido de causas naturais. No entanto, um tempo depois, uma perita levantou a suspeita de homicídio e o caso começou a ser investigado.
Advogado da família de Luana, Macos Tosato explicou que a polícia descobriu que o boliviano invadiu o apartamento de Luana para roubar o celular dela, um notebook e uma quantia em dinheiro. A jovem foi enforcada com as mãos até a morte, segundo ele.
“O criminoso roubou o telefone da Luana. Esse iphone foi ativado dois meses após o crime por um irmão do Iver. Ele não soube explicar isso. Quando tentou, não deu certo. Os médicos forenses foram determinantes. Não era uma morte natural, mesmo que assim se pensasse no início da investigação”, explicou Tosato.
O boliviano trabalhava para a dona do apartamento que Luana alugava. Segundo Tosato, o jovem até assinou o livro de entrada do prédio no dia em que a goiana foi morta. Semanas antes de ser morta, a estudante registrou reclamação dizendo que o homem a espionou durante um banho.
“A Luana não tinha nenhuma relação com ele. O que conectava a Luana com ele, é que ele trabalhava para a dona do apartamento onde a Luana morava. Então, ele tinha as chaves do apartamento, tinha acesso”, contou a mãe.