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Quem mais pode ser preso, além de Serere Xavante?

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Vão pegar mais uns capatazes de manés? O Ministério Público e o Judiciário, e não só Moraes, chegarão até os fascistões, ou esses irão apenas levar sustos?

José Acácio Serere Xavante

Moisés Mendes*, em seu blog

Ninguém sabe direito, nem a imprensa, quantos foram presos e libertados e quantos ainda estão presos (se é que estão) como acusados de participação em atos golpistas.

Há uma semana, a Polícia Federal prendeu, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o empresário Milton Baldin, que estava convocando gente armada para impedir a posse de Lula.

Nesta quarta-feira, Moraes disse em evento sobre o STF e a Constituição, em Brasília, que “ainda tem muita gente para prender e muita multa para aplicar”.

Quem pode ser preso, em meio a tanta gente que conspirou? Vão prender mais um Baldin, que só os que moram no norte de Mato Grosso sabem quem é?

O esforço de Moraes para conter os golpistas e oferecer respostas às expectativas de quem espera ver fascistas presos esbarra numa dúvida.

Os grandões, os fascistões, muitos deles expostos por ações explícitas de incentivo ao golpe, podem estar na lista dos que ainda devem ser presos?

Não é uma dúvida qualquer. O golpismo teve a leniência das polícias, do Ministério Público e do Judiciário, com as exceções de sempre.

A regra foi olhar de longe, com vista grossa, e pegar os que poderiam ser enquadrados em algum crime.

Pegaram caminhoneiros e alguns com perfil semelhante ao do empresário de Mato Grosso e agora mais o ‘cacique’, que também é pastor e traficante, José Acácio Serere Xavante.

Em ofício que enviou, também na quarta-feira, ao ministro da Justiça, Moraes deu 48 horas para que Anderson Torres detalhe todas as medidas adotadas contra as ações terroristas da segunda-feira em Brasília.

O ofício atende a pedido do senador Randolfe Rodrigues, que pede a investigação do cerco à sede da Polícia Federal.

Moraes escreve:

“Os fatos noticiados pelo parlamentar ocorreram no contexto dos atos antidemocráticos, nos quais grupos financiados por empresários (a serem identificados) insatisfeitos com o legítimo resultado do pleito, com violência e grave ameaça às pessoas, passaram a bloquear o tráfego em diversas rodovias do país e a abusar do direito de reunião nos arredores de quartéis militares, com o intuito de abolirem o Estado democrático de Direito, pleiteando um golpe militar e o retorno da ditadura”.

O ministro se refere mais uma vez a grupos financiados por empresários e observa: que devem ser identificados. Pelo que o texto sugere (no trecho entre parênteses), os empresários devem ser identificados.

Mas serão? Se ninguém foi preso como participante das ações terroristas e se a grande notícia era a prisão do cacique pastor, o que o país pode esperar?

Vão pegar mais uns capatazes de manés? O Ministério Público e o Judiciário, e não só Moraes, chegarão até os fascistões, ou esses irão apenas levar sustos?

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)

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