Redação Pragmatismo
Corrupção 12/Jan/2023 às 12:01 COMENTÁRIOS
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Bolsonaro gastou R$ 109 mil em restaurante que oferece marmita a R$ 17

Publicado em 12 Jan, 2023 às 12h01

Fim do sigilo: Bolsonaro torrou R$ 362 mil na mesma padaria, R$ 1,46 milhão num único hotel de luxo e R$ 109 mil em restaurante de Roraima que oferece marmita a R$ 17. Muito dinheiro público também foi utilizado para comprar cosméticos e sorvete. Dados oficiais mostram que gastos do ex-presidente com cartão corporativo são os mais altos da história

bolsonaro cartao corporativo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante sua gestão, chegou a gastar com o cartão corporativo da presidência da República R$ 1,46 milhão num único hotel e R$ 362 mil na mesma padaria e R$ 3 mil com lanches no McDonalds. As informações foram conseguidas pela Fiquem Sabendo – agência de dados públicos especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI). A planilha oficial pode ser vista aqui.

De acordo com Luiz Fernando Toledo, um dos fundadores da ‘Fiquem Sabendo’, foram feitos mais de 10 pedidos via LAI para ter acesso aos gastos do cartão corporativo da presidência durante a gestão Bolsonaro e todos foram negados usando o argumento de que revelar as despesas poderia colocar em risco o presidente e familiares.

Em todos os casos, a justificativa foi de que as informações seriam divulgadas depois do fim do mandato, baseado no inciso segundo do artigo 24 da LAI. Os últimos lançamentos de notas fiscais datam de 19 de dezembro, referente a compra de comida. Se ocorreram gastos posteriores, pagos com cartão corporativo, ainda não constam no sistema.

Dos 59 tipos de despesas feitas com o cartão, os gastos com hotel foram os que mais consumiram recursos. Pelo menos R$ 13,6 milhões foram desembolsados em hospedagem: muitas vezes em locais de luxo, contrariando o discurso adotado muitas vezes por Bolsonaro, que afirmava ser contrário a esbanjar dinheiro público quando é possível optar pela simplicidade.

Na lista de endereços que receberam quantias polpudas está o Ferraretto Hotel, em Guarujá (SP), onde o agora ex-presidente costumava passar momentos de descanso. Ao longo dos quatro anos, o estabelecimento recebeu R$ 1,46 milhão.

Também em panificadoras os gastos em vários estabelecimentos passavam de R$ 10 mil – quase oito salários mínimos de uma única vez. Por 20 vezes ao longo do mandato de Bolsonaro, foram realizados gastos significativos em uma das filiais da padaria carioca Santa Marta. As notas fiscais variam de R$ 880 (menor valor) a R$ 55 mil (maior valor), com média de R$ 18 mil. Ao todo, o estabelecimento recebeu R$ 362 mil do cartão corporativo da presidência. Um dos gastos – de R$ 33 mill – foi no dia 22 de maio de 2021, na véspera de uma motociata realizada no Rio de Janeiro.

Paladar infantil

O paladar infantil de Bolsonaro também aparece na gastança com o cartão corporativo. Em cinco sorveterias foram feitas 62 compras, que somaram R$ 8,6 mil. Em uma única vez foram gastos R$ 540. Não é ilegal comprar sorvete com o cartão corporativo – mas esse recurso deve ser usado para ações fundamentais ao governo, principalmente em deslocamentos.

Além disso, o ex-presidente também chegou a gastar cerca de R$ 3 mil em lanches na McDonalds, valores que variam entre R$ 226 e R$567 de uma única vez.

R$ 109 mil em único restaurante

Entre os R$ 27,6 milhões gastos com cartões corporativos da Presidência da República no governo Bolsonaro, chama a atenção um gasto de R$ 109.266,00 no modesto restaurante Sabor de Casa, localizado no centro de Boa Vista, em Roraima, em um único dia, 26 de outubro de 2021.

O Sabor de Casa é um restaurante que oferece marmita nas versões econômica (R$ 17,00) e tradicional (R$ 23,00). O carro chefe da casa é o frango assado com farofa e baião, que serve pelo menos três pessoas e custa R$ 50.

Com o valor pago pela Presidência da República no estabelecimento, teria sido possível comprar 6,4 mil marmitas econômicas. Ou então 4,7 mil marmitas tradicionais. Ou, ainda, 2,1 mil encomendas do frango assado com farofa e baião.

Em 26 de outubro de 2021, Bolsonaro desembarcou na cidade por volta de 9h40, visitou um abrigo para imigrantes venezuelanos, participou de um encontro com indígenas, almoçou com o comando do Exército na região e participou de um culto de comemoração pelo aniversário da Igreja Assembleia de Deus. Ele voltou a Brasília no fim da tarde.

A dona do restaurante Sabor de Casa, Roberta Rizzo, confirmou a compra realizada pela equipe de Bolsonaro. “Eles solicitaram almoço e uns kits de lanche para atender à equipe de segurança. Era um kit bem completo, com pão, queijo, presunto, fruta, água e biscoito”, disse.

A mulher foi questionada se o valor da despesa divulgado pelo governo poderia estar errado, por conta de algum erro do sistema de cartão corporativo. Ela disse não estranhar o valor.

Roberta Rizzo foi perguntada, então, como kits de lanche e almoço entregues no dia de uma visita do presidente à cidade puderam custar R$ 109,2 mil. Ela não soube responder e desligou o telefone.

com informações da agência estado

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