Empresário bolsonarista que agrediu advogado de Lula é indiciado pela Polícia Civil
Em relatório apresentado ao Tribunal de Justiça do DF, delegado apontou que três crimes foram cometidos durante a abordagem ao advogado de Lula: ameaça, injúria e incitação ao crime. Em outra frente, Polícia Federal apura se Luiz Carlos Bassetto participou dos ataques golpistas em 8 de janeiro
A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou nesta quarta-feira, 25, Luiz Carlos Basseto Júnior, que hostilizou o advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília. De acordo com o processo que corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Basseto Júnior é acusado de crimes contra a honra e injúria.
O episódio aconteceu no banheiro do aeroporto, quando Zanin foi abordado enquanto escovava os dentes. Basseto Júnior, que aparece em gravação de celular com máscara de proteção facial e camiseta laranja, chama o criminalista de “vagabundo”, “safado”, “bandido” e “corrupto”, enquanto filma a cena. “Vontade de meter a mão na orelha de um cara desse”, afirma o homem. “Tinha que tomar um pau de todo mundo que está andando na rua.” Diante da cena, o advogado permanece calado.
A Polícia Civil do Distrito Federal informou que um ofício da Polícia Federal informando os fatos foi recebido e transformado em um termo circunstanciado no âmbito do DF. O processo foi enviado ao Poder Judiciário nesta quarta-feira, 25.
No relatório apresentado ao TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), o delegado Paulo Renato Alvarenga Fayão apontou que três crimes foram cometidos durante a abordagem: ameaça, injúria e incitação ao crime, com penas de até 1 ano e 6 meses de detenção.
Em outra frente, a Polícia Federal apura se o agressor esteve presente nos atos de vandalismo realizados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), em 8 de janeiro. Bassetto Junior mora em São Paulo e deverá esclarecer o que fazia no Distrito Federal no dia 11.
“Ele dispara impropérios direcionados a Cristiano, como ‘bandido’, ‘corrupto’, ‘safado’ e ‘vagabundo’, atingindo, assim, a sua honra subjetiva. Ainda dentro do mesmo contexto fático, o agressor ameaça a vítima. Nesse ponto, vale ressaltar que o ofensor –de forma extremamente acintosa– além de proferir os impropérios e ameaças, praticamente deixa a vítima encurralada. De mais a mais, ele publicamente, a pratica de crime de lesão corporal contra Zanin”, diz o delegado.
O Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) usará os registros para embasar ações independentes que serão apresentadas contra o agressor.
No mesmo sentido, o órgão decidiu criar um grupo de trabalho para responsabilizar cível, criminal e administrativamente indivíduos que ofenderem, agredirem ou discriminarem advogados por causa de sua atuação profissional.
“Essa prática de constrangimento à advocacia vem aumentando, demonstrando o interesse de uma parcela da sociedade em desvirtuar o ofício sagrado da advocacia perante os tribunais brasileiros”, diz a portaria que criou o grupo de trabalho.
A Operação Bastardos Inglórios solicita a identificação do agressor fascista do Advogado Cristiano Zanin em Brasília. Whats: 51996760718. Sigilo Garantido. pic.twitter.com/OGOQvnq0J5
— Leonel Radde (@LeonelRadde) January 11, 2023