Estudante de medicina que estuprou a irmã e a prima é preso em Mar del Plata
Marcos Vitor estava foragido há mais de um ano, usava nome falso e trabalhava em restaurante. A extradição do brasileiro, condenado a 33 anos e oito meses, deve começar a tramitar nos próximos dias. Mãe de uma das vítimas teve de se mudar após ameaças e disse que a filha entrou em depressão: "Passou a se mutilar e tentou suicídio"
Marcos Vitor Aguiar Dantas Pereira, 23, foi preso nesta quinta-feira (19) em Mar Del Plata, na Argentina. Condenado a 33 anos de prisão, o estudante de medicina estava foragido há mais de um ano após estuprar a irmã e a prima no Piauí (PI). O caso foi abordado em diversos textos no Pragmatismo.
A ex-madrasta do jovem diz que está aliviada com a prisão. “A gente ficou sabendo da prisão pela imprensa. Estamos aliviadas porque fizemos tudo por causa das crianças e perguntei para minha filha se ela queria que ele fosse preso, porque quer queira quer não, ela é sangue dele e ela disse que sim”, afirmou a mãe de uma das vítimas.
Na manhã desta quinta-feira, a ex-madrasta contou para a filha da prisão e a menina que hoje tem 10 anos, disse que gostou. “Não sei o que vai acontecer daqui para frente. Mas a gente se sente aliviada, por tudo que passamos”, destacou.
Marcos Vitor utilizava nome falso e trabalhava em um restaurante na Argentina. Sua prisão foi fruto de um trabalho investigativo que contou com apoio da Interpol e da Polícia Federal argentina.
No país vizinho, Marcos Vitor se apresentava como ‘Pedro Saldanha’ e tinha uma aparência diferente da que utilizava quando ainda morava em Teresina (PI). Com cabelo grande e barba o ex-estudante de medicina levava uma vida normal, segundo a polícia.
“Conseguimos identificar inicialmente que ele estava em Buenos Aires, no entanto, depois que foi publicada a sentença de condenação, ele começou a se movimentar. Tivemos que reativar o trabalho de levantamento e monitoramento nas redes sociais. Ele usava nome falso e estava vivendo uma vida normal na Argentina, inclusive trabalhando em um restaurante como freelancer”, explicou o delegado Matheus Zanata, que coordenou as investigações.
“Quando surgiu essa possibilidade da pessoa que usava o nome de Pedro Saldanha ser na verdade o Marcos Vitor, foragido da Justiça do Piauí, o delegado Matheus Zanatta acionou a gente para fazer essas confirmações, fazer o que era possível fazer à distância. Isso foi feito em um espaço curto de tempo. A partir daí foi só a burocracia necessária para poder cumprir essa prisão”, destacou o delegado Anchieta Nery, da Inteligência da Polícia Civil.
Marcos Vitor foi preso em frente a um shopping movimento e não resistiu. A extradição do piauiense condenado por estupro é um processo que ainda não começou a tramitar. “Agora vai iniciar um processo burocrático de extradição, que pode diminuir, tendo em vista que o Brasil e a Argentina fazem parte do Mercosul. Quem deve fazer esse translado será a Polícia Federal brasileira, nos próximos dias, pra cidade de Teresina”, completou o delegado Matheus Zanatta.
Mãe de uma das vítimas ameaçada de morte
Marcos Vitor foi condenado a mais de 33 anos, oito meses e sete dias por estuprar a irmã de 9 anos e uma prima, de 12 anos. No processo, ele foi denunciado por estuprar também outra irmã de 3 anos, mas não foi condenado.
A tia de Marcos Vitor, mãe da menina de 12 anos, teve que morar fora do Piauí após receber ameaças de morte. “Era como se carregássemos há meses uma tonelada nas costas. A justiça dos homens foi cumprida, agora é esperar a de Deus. Esperamos que ele pague o que ele fez com nossos filhos e não pode ser solto se não vai continuar estuprando outras vítimas”, disse a mulher, que foi a primeira a denunciar no caso.
A mãe informou ainda que a filha está bem, mas que a menina enfrentou crise de depressão, se mutilou e tentou suicídio. Para a mãe, o estudante de medicina é um psicopata. “Minha filha está bem, tive que sair de Teresina e morar fora do estado, pois estava recebendo ameaças de morte por parte da família dele (Marcos Vitor)”
De acordo com relatos das vítimas na DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) em Teresina, as os abusos eram frequentes dentro de casa e em viagens de família. As vítimas disseram ainda que eram abusadas pelo estudante durante brincadeiras, tomando banho com ele, trancadas em quarto e jogando videogame.
Inicialmente, uma parte da família tentou abafar os crimes e sugeriu que o caso fosse resolvido internamente. As denúncias só foram adiante por conta da coragem da ex-madrasta de Marcos Vitor e da tia do rapaz. Na época dos crimes, Marcos Vitor morava com o pai, a madrasta e as duas irmãs.
Ele estudava medicina em uma faculdade em Manaus, depois das denúncias foi expulso do curso e fugiu. Em mensagem à madrasta, o estudante chegou a confessar o crime e pediu perdão.