Flagrado em cela de Batalhão, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro recebe visita de psiquiatra e interlocutores afirmam que ele está 'abatido' e já 'chorou muito'. Anderson Torres é acusado de ter articulado e facilitado as ações terroristas de 8 de janeiro que visavam um golpe de estado para destituir Lula do poder
O ex-ministro de Bolsonaro e ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi flagrado na janela do 4ª Batalhão da Polícia Militar no Guará, em Brasília, onde ele está preso desde sábado (14/1). O clique foi capturado pelo repórter fotográfico do Correio Braziliense, Carlos Vieira.
“Eu analisei o prédio para ver onde poderia conseguir uma foto do ex-ministro. Vi aquela janela, e imaginei que ele pudesse estar ali. Fiquei preparado, esperando alguma coisa acontecer. Quando notei que a janela ia abrir, fiz o clique”, contou o fotógrafo. “Assim que me viu, ele fechou a janela rapidamente. Então fui para o carro, ampliei a imagem e, só depois de analisar muito, conclui que realmente se tratava de Anderson Torres”, disse Carlos Vieira.
Torres foi preso na manhã deste sábado (14/1) e não é visto desde que deixou o aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, na última sexta-feira (13/1). Ele recebeu ordem de prisão pela Polícia Federal assim que desceu do avião. Em seguida, fez o exame de corpo de delito no saguão da Polícia Federal, ainda no aeroporto, de onde foi levado diretamente para o batalhão da PM. A última imagem pública de Torres foi no momento em que embarcou no aeroporto de Miami e desde então ele não foi visto pela imprensa.
Atendimento psiquiátrico
De acordo com o portal Metrópoles, Anderson Torres foi atendido por um psiquiatra da Secretaria de Saúde do DF nesta terça-feira (17/11). Interlocutores afirmam que o ex-ministro está muito abatido e já chorou muito.
A expectativa é que Torres deixe o cárcere para prestar depoimento na sede da Polícia Federal ainda nesta semana. O ex-ministro não entregou seu celular à PF no momento da prisão.
Enquanto estava nos EUA, Anderson Torres chegou a postar em uma rede social que seu número havia sido clonado. “Olá, clonaram meu WhatsApp, não aceitem nenhuma mensagem ou ligação”, escreveu no Instagram, na terça-feira (10/1), mesmo dia em que teve prisão decretada.
Se estivesse com Anderson Torres, o aparelho seria apreendido e periciado. No entanto, a PF vai recuperar informações do celular do ex-ministro via nuvem de dados.
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) realizou hoje vistorias nas celas de Anderson Torres e do ex-comandante-geral da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira.
Segundo o MP, “os promotores verificaram que as instalações são compatíveis com uma sala de estado maior, e que os presos não tem nenhum tratamento preferencial”.
Por que foi preso?
A prisão de Anderson Torres foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes após os atos terroristas em Brasília, em 8 de janeiro.
Desde 2 de janeiro, após o fim do governo Bolsonaro, o ex-ministro reassumiu a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), que chefiou entre 2019 e 2021.
Ele comandava a pasta quando ocorreram a invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) por bolsonaristas radicais que defendem um golpe para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A suspeita é que Torres, em conjunto com setores da Polícia Militar do DF e de militares, tenha atuado para facilitar a ação dos terroristas bolsonaristas.