Governo Nazifascista no Brasil? Considerações acerca do Terrorismo em Brasília
Como se deu o Processo de Fascistização no Brasil? E como se instalou no aparelho do Estado? Os ataques terroristas, as depredações aos patrimônios públicos e artísticos em Brasília, é fruto da alienação de um governo altamente nazifascista?
Daniel Rodrigues*
O fascismo é um governo altamente autoritário e nacionalista que tem como característica o ultranacionalismo. A partir da utilização de slogans, lemas e símbolos. As bandeiras como sendo bastante utilizadas, comumente observadas em diversos lugares e adotando um novo significado.
O Nazismo é visto quase como um sinônimo, a grosso modo, mas distingue-se pelo fato dos nazistas alemães acreditarem no famoso racismo científico — adotando a ideia de uma raça superior a todos os outros grupos de seres humanos, a raça ariana.
Ao longo de quatro anos, mais precisamente, entre 2018 e 2022, período de um dos maiores desgovernos da história do Brasil, ideais nazifascistas cresceram e se impregnaram na mente de boa parte da população. Graças a um governo altamente nazifascista. Porém, a extrema-direita ganhou força nas últimas décadas, tornando-se mais forte quando o país afundava numa crise política, econômica e social. Com o golpe do impeachment contra a presidenta Dilma juntamente com a entronização do nazifascista coronél Brilhante Ustra pelo Jair Bolsonaro, “Pela memória do coronel Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff” e a crescente do neoliberalismo durante o governo Temer (2016-2018). Desorganizando a classe trabalhadora, aprovando a PEC do Teto de Gastos, reduzindo o financiamento para as políticas públicas de bem-estar social.
Mas por que o governo Bolsonaro é considerado nazifascista? Em escritos anteriores foi-se tratado rapidamente sobre a temática e agora voltamos à tona devido aos recentes acontecimentos observados em Brasília (DF), bem como a invasão de terroristas ao Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, a Praça dos três poderes e o Supremo Tribunal Federal. Primeiramente, surge no período das eleições presidenciais de 2018, um candidato com discurso populista e soluções fáceis em meio a crise que se instaurava no Brasil (Bolsonaro).
Juntamente com a mídia corporativa brasileira realizando uma perseguição aos políticos, funcionários públicos e empresários que possuíam relações com o Partido dos Trabalhadores (PT). Portanto, a mídia realizou diversos espetáculos de denúncias, julgamentos e prisões. Resultando na criação da Operação Lava Jato objetivando a mira no Lula que teve sua reputação caçada devido a perseguição que sofreu pela mídia. Através de conspirações entre juízes e procuradores da Operação Lava Jato, o atual presidente da República Lula foi preso injustamente e impedido de disputar as eleições de 2018. Enquanto o ex-juiz Sérgio Moro teve sua reputação arruinada, e sua imagem associada a mais um fascistóide quando decidiu apoiar Bolsonaro nas eleições de 2022.
Segundamente, durante os quatro anos de um governo nazifascista, se analisado, é possível observar um governo altamente autoritário com o uso de slogans e “valores”. Como por exemplo, “Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os brasileiros”, “Essa é a nossa bandeira, que jamais será vermelha. Só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela”, ou “Respeitaremos as minorias, mas quem mandará será a maioria”. Slogans repetidos pelos nazifascistas como “Deus Pátria e Família”, ou o lema nazista alemão, “Deus acima de tudo e o Brasil acima de todos”. Percebe-se aí, o domínio de determinadas palavras/expressões para que se possa retomar ou impugná-las com novos significados. Criando também uma nova bandeira.
Houve um afastamento total dos direitos humanos, das políticas públicas dos direitos humanos, da política de bem-estar social. Não é à toa a fala do ex-presidente Bolsonaro em 2018, “Aos poucos a população vai entendendo que é melhor menos direitos e emprego do que todos os direitos e desemprego”.
Segundo o Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, a secretaria de direitos humanos estava desestruturada, abandonada, com a maior baixa execução orçamentária se comparada aos outros ministérios. Somente 20% de seu orçamento foi executado. A partir disso, vimos o povo abandonado, as minorias esquecidas e sem proteção, pois na prática legalizou-se a morte destes. Os cidadãos brasileiros das camadas populares passando fome ou sem garantia de comida na mesa no próximo mês, um país em que reina a desigualdade em todos os âmbitos, prevalece a injustiça e a violência da polícia, que por sua vez, é militarizada e age violentamente/criminalmente para com o pobre e o negro.
Durante quatro anos de governo, Bolsonaro não aumentou, sequer, 1% real do salário mínimo, tampouco, para a merenda escolar. Mas escândalos de corrupção em seu governo, se apresentam aos montes como a compra de 51 imóveis em dinheiro vivo; esquema de rachadinha; interferência na Polícia Federal (PF) para eventualmente barrar as investigações, em especial, contra os seus filhos; e por diante, segue o orçamento secreto; sigilo de 100 anos, que guarda diversas informações de reuniões com pastores corruptos, assassinatos e desaparecimento de políticos; o bolsolão; corrupção na compra de vacinas, esta sendo um dos principais, pois favoreceu a morte de mais de 700 mil pessoas, dentre vários outros escândalos que devem ser investigados. Não apresentou nenhum tipo de respeito à Constituição brasileira, ameaçava constantemente o ministro da Suprema Corte, afirmando que não iria respeitar o resultado das eleições, xingava os ministros do Supremo, ações efetivamente repugnantes para um chefe de estado que se dizia Presidente da República.
Voltando a discussão do Fascismo, cabe ressaltar o que o já professor aposentado da Universidade Estadual da Paraíba, Durval Muniz de Albuquerque Júnior, afirma em seu artigo “O Fascismo deseja a Morte” publicado no livro, “O Brasil em Tempos Sombrios”, este organizado pelo professor também adjunto da UEPB, José Adilson Filho. Segundo Durval, a sociedade brasileira passou por um Processo de Fascistização, por sua vez, lento nas últimas décadas.
O Fascismo não é somente uma ideologia política que surgiu na Itália no fim da 1° Guerra Mundial, mas sim, antes de tudo, uma forma de vida, uma subjetividade inerente do Ser humano. Portanto, o Fascismo não se apresenta somente/instantaneamente na política e no Estado, mas também nas relações interpessoais, nas particularidades de cada indivíduo. Possuindo características peculiares, bem como a pulsão, o desejo pela morte, destruição e autodestruição. Dessa forma, o Fascismo passou a se impregnar na vida cotidiana, na maneira de viver das pessoas e de como se colocar no meio, até que o Fascismo se apossou do Estado, graças a essa parte da população alienada por ideais que transformaram sua realidade.
O Durval apresenta o conceito de “paixões tristes” que são esses desejos de morte e destruição — por exemplo, frases como, “bandido bom é bandido morto”, o gesto do bolsonaro metralhando os petistas com um tripé de câmera, ou seu símbolo de armas feito com as mãos diz tudo. Seus apoiadores bolsonaristas se apresentam como sendo violentos, agressivos por insegurança, por medo do progresso, medo do novo, medo de transformação. Por conseguinte, optam por um posicionamento conservador de ignorância, negacionista e sem intelecto. Sendo um de seus maiores aliados, as redes sociais, utilizadas fervorosamente nas eleições de 2018, a fim de propagar Fake News, contribuindo para que o fascistóide do Bolsonaro fosse eleito.
Já que boa parte da população brasileira, entre 15-20%, se dizem bolsonaristas raízes, patriotas que desejam salvar o país do comunismo e do petismo fervoroso que deixou o país na mais profunda crise econômica da história. Obviamente, estes indivíduos se encontram na mais profunda alienação. Resultando em atos antidemocráticos, bem como o fechamentos das rodovias, concentração na frente dos quartéis, clamor por intervenção militar, intervenção alienígena, observados recentemente, mas por quê?
Depois de discutir sobre o crescimento do Fascismo no Brasil, que automaticamente, contribuiu para a balbúrdia, a violência, o ódio, a destruição e terrorismo na noite do dia 12 de dezembro, em Brasília (DF), é possível afirmar, que a falta de Comunicação também é um problema. Isto é, após ser derrotado nas eleições de 2022, Bolsonaro se resguardou no Palácio do Planalto e na sexta-feira, dia 30 de dezembro, ele fugiu do país em destino aos EUA, buscando se proteger e não ser responsabilizado pelos seus crimes. Essa falta de comunicação do líder para com o seu povo (o gado Bolsonarista), contribuiu para diversas conspirações/interpretações dos extremistas, deixando-os confusos no que fazer para “salvar o país”, chegando a conclusão, no fim, em realizar ações completamente antidemocráticas e terroristas. Gerando ruínas, desordem em todos os aspectos, assim como a invasão de terroristas ao Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, a Praça dos três poderes e o Supremo Tribunal Federal. Depredando patrimônios públicos e artísticos. Portanto, um povo sem liderança, qualquer que seja, é, respectivamente, a oficina da ruína.
*Daniel Rodrigues é graduando em licenciatura plena em História pela UEPB; Membro do Projeto de Pesquisa, “História Judaica”, e do Projeto de Pesquisa e Extensão, “Núcleo de História e Linguagens Contemporâneas”.
→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… considere ajudar o Pragmatismo a continuar com o trabalho que realiza há 13 anos, alcançando milhões de pessoas. O nosso jornalismo sempre incomodou muita gente, mas as tentativas de silenciamento se tornaram maiores a partir da chegada de Jair Bolsonaro ao poder. Por isso, nunca fez tanto sentido pedir o seu apoio. Qualquer contribuição é importante e ajuda a manter a equipe, a estrutura e a liberdade de expressão. Clique aqui e apoie!