Os aplicativos e sites de namoro online são apenas uma das muitas formas pelas quais as redes sociais têm impactado a vida moderna. Desde a sua chegada e popularização, essas plataformas têm mudado a forma como nos relacionamos uns com os outros, como obtemos e compartilhamos informações, e até mesmo como pensamos sobre nós mesmos. Atualmente, muitos especialistas de diversas áreas distintas tentam explorar os impactos que as redes sociais e apps representam para as gerações que crescem com acesso constante à internet, em especial, depois da pandemia.
Mundo real versus mundo digital
Um dos principais efeitos do avanço e disseminação de perfis em redes sociais e uso de aplicativos como o Tinder para encontrar parceiros é um conflito entre o mundo real e o mundo virtual: enquanto alguns encaram as interações digitais como algo insignificante, muitas vezes colocando pouco esforço ou atenção, outros interpretam as interações digitais como algo extremamente forte e emocional, muitas vezes mais significativo a nível pessoal que as próprias experiências no mundo real. Não é incomum ouvirmos sobre casais que ainda não se conheceram pessoalmente, mas já namoram virtualmente há anos.
Esse efeito pode ser perigoso para a saúde mental, já que a popularidade em plataformas como o Instagram ou um comentário mal interpretado no Twitter podem desencadear os mesmos problemas e ansiedade que um evento real causaria, mas com alcance muito maior. Além disso, ao fazer o pulo entre o virtual e o real, as pessoas do outro lado da tela podem não ser exatamente quem afirmavam ser. Não é à toa que empresas de segurança digital como a ExpressVPN precisam publicar guias explicando como reconhecer o catfish, perfil falso em apps de namoro, já que há inúmeros casos de problemas como mentiras sobre aparência e personalidade, golpes, e até ameaças à vida.
Relacionamentos fast food
Diferentemente das redes sociais do início dos anos 2000, onde os perfis eram criados com grande detalhamento, textos, e a ideia era potencializar interações entre grupos de amigos, fãs de uma mesma comunidade e similares, os apps de relacionamento modernos são baseados em um sistema “fast food” de agilidade e remoção de barreiras: os usuários são selecionados apenas por uma ou duas fotos e um parágrafo de texto, rapidamente sendo aprovados ou recusados seguidamente. Na ocasião de aprovação mútua, uma conversa rápida deve buscar um encontro o mais rápido possível.
Esse sistema cria aos usuários a impressão de estarem imersos em um oceano infinito de novos parceiros, com uma grande sensação de controle. Assim, é comum que as pessoas em aplicativos de namoro tornem-se extremamente seletivas, baseando-se até mesmo em pequenos detalhes na aparência, enquanto simultaneamente se sentem excluídas e frágeis ao receber um número supostamente pequeno de matches.
Psicólogos e neurocientistas questionam o dano que este tipo de app possa causar nas relações interpessoais, já que pouco espaço é dado para a lenta compreensão dos sentimentos, conhecer mais profundamente cada pessoa, e até as interações não-visuais e não-verbais como o cheiro ou toque do possível parceiro. Por outro lado, muitos casais bem-sucedidos surgiram de apps como o Tinder, e para pessoas com rotina atarefada demais para sair de casa casualmente, ou algum histórico de ansiedade social, conhecer potenciais parceiros pela internet pode ser a transformação mais positiva possível em sua vida amorosa.
Assim, não podemos demonizar ou celebrar apps de namoro como a melhor invenção de todas para os românticos, e nem como algo terrível que corrompe a sociedade. É preciso entendê-los como uma nova ferramenta no arsenal de quem busca um novo parceiro, aprendendo a lidar com suas limitações e riscos para extrair o melhor de seu uso.
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