Mãe de Daniel Alves se encontra com advogados do filho em Barcelona e sai do local abalada. Advogada de um dos casos mais emblemáticos da Espanha diz que há indícios "mais que suficientes" para a condenação de Alves. Ela cita o peso da palavra da vítima e de testemunhas e menciona a perícia e as contradições nos depoimentos do brasileiro. Irmão de Daniel Alves está na Espanha e diz acreditar na inocência do atleta: "caiu em uma armadilha"
A mãe de Daniel Alves desembarcou em Barcelona para acompanhar e prestar solidariedade ao filho, que está preso sob acusação de estupro. Lúcia Alves se encontrou com os advogados que compõem a defesa do jogador e, ao deixar o local, estava visivelmente abalada.
O jornal espanhol ‘La Vanguardia’ flagrou a saída de Lúcia Alves do escritório. Ela foi abordada pelos jornalistas locais, não falou nenhuma palavra, mas indicou que confia na inocência do filho concordando ao balançar a cabeça.
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Ney Alves, irmão de Dani, também está na Espanha para apoiar o atleta. Em entrevista a uma emissora local, Ney afirmou que seu irmão “caiu em uma armadilha”, e que a família não vai desistir de salvar a carreira do jogador.
Indícios são fortes
A defesa de Daniel Alves tem até a próxima terça-feira para entrar com recurso em favor do jogador. O objetivo é retirá-lo da penitenciária na qual ele completa uma semana nesta sexta-feira. Os indícios, os depoimentos, as provas recolhidas até agora depõem todos contra o atleta de 39 anos.
A advogada Beatriz Uriarte, que representa um dos cinco homens presos no caso de estupro coletivo do grupo conhecido como “La Manada”, vê no caso de Daniel uma condenação “muito provável”. Por todos elementos conhecidos até agora. E, claro, pelo principal deles: a palavra da vítima. Não só a palavra, mas a forma e o conteúdo do que disse. Sempre com discurso semelhante e linear.
O caso “La Manada”, no qual ainda trabalha a advogada espanhola, também aconteceu em Barcelona, em 2016. O caso chocou o país pelas penas brandas. Houve protestos e repercussão até gerar a mudança da lei de violência sexual em outubro do ano passado.
De acordo com a jurisprudência recente da nova lei, a exigência mínima comprovatória para obtenção de sentença de condenação contra o acusado envolve diretamente a declaração da vítima.
“São três requisitos que se deve preencher no depoimento da vítima para se tornar prova suficiente num caso de agressão sexual. Primeiro, o que se chama persistência de incriminação. Quando a vítima repete sempre a mesma coisa. Foi assim no hospital, na delegacia e diante da juíza. Segundo, se a vítima não tem relação com o acusado, chamada de ausência de incredibilidade subjetiva. A terceira, caso haja outros fatores que corroborem a versão, a verossimilhança do depoimento. No caso de Daniel Alves, há relatos de porteiros da boate, a polícia encontrou registros de sêmen, as câmeras… Quando se juntam as três coisas, com a declaração da vítima de que foi estuprada, já se pode condenar. Não precisa de mais nada”.
Especialistas no país europeu estimam que todo processo, entre investigação, acusação e julgamento, dure por volta de um ano – com quatro meses para cada uma das três etapas.
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