Maior chacina da história do DF é esclarecida; delegado explica cronologia
"Cada vítima foi morta com diferente requinte de crueldade, incluindo as crianças". Conclusão do inquérito revela a cronologia da maior chacina já registrada no DF. Delegado acredita se tratar de um dos crimes mais bárbaros da história recente do Brasil
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) detalhou na manhã desta sexta-feira (27) a chacina que matou 10 pessoas da mesma família nas últimas semanas. Trata-se da maior chacina da história do DF.
Além de determinarem que a disputa por um terreno avaliado em R$ 2 milhões foi o motivo da série de crimes, os agentes destacaram a linha do tempo dos assassinatos.
Segundo a investigação, a primeira vítima fatal foi o sogro da cabeleireira Elizamar da Silva, Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos. O homem tinha uma extensa ficha criminal e relação de amizade com um dos criminosos, Gideon Batista, a quem conheceu no Complexo Penitenciário da Papuda quando estava preso.
Marcos Antônio foi morto ainda no dia 28 de dezembro do ano passado, durante uma falsa tentativa de assalto em sua chácara. Gideon estava no local e fingiu também ter sido rendido pelos bandidos, que, na verdade, eram seus comparsas.
As 10 vítimas da chacina:
1. Elizamar Silva, de 39 anos
2. Rafael, de 6 anos (filho de Elzimar)
3. Rafaela, de 6 anos (filha de Elzimar e irmã gêmea de Rafael)
4. Gabriel, de 7 anos (filho de Elizamar)
5. Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, de 30 anos, marido de Elizamar
6. Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos, pai de Thiago
7. Renata Juliene Belchior, de 52 anos, mãe de Thiago
8. Gabriela Belchior de Oliveira, de 25 anos, irmã de Thiago
9. Claudia Regina Marques de Oliveira, ex-mulher de Marcos Antônio
10. Ana Beatriz Marques de Oliveira, filha de Marcos e Regina
Cronologia do crime:
28 de dezembro: Marcos, a esposa, Renata, e a filha, Gabriela, são rendidas na chácara. O homem tenta reagir ao suposto assalto, é baleado na nuca. Na mesma noite, a família é levada a um cativeiro em Planaltina-DF, onde Marcos é esquartejado e enterrado em um dos cômodos.
4 de janeiro: Ex-esposa de Marcos, Cláudia, e a filha dele, Ana Beatriz, são atraídas para o cativeiro por uma mensagem enviada pelos bandidos pelo celular de Marcos. Elas também são rendidas.
12 de janeiro: Elizamar, o marido, Thiago, e os três filhos do casal (Rafael, Rafaela e Gabriel) também são atraídos ao local por mensagens. O homem é o primeiro a chegar, enquanto a esposa e as crianças são rendidas à noite. Elizamar e os filhos são mortos durante a madrugada.
14 de janeiro: Renata e Gabriela são retiradas do cativeiro e levadas de carro à cidade de Unaí, em Minas Gerais, onde são mortas asfixiadas e carbonizadas em um veículo.
15 de janeiro: Thiago, Cláudia e Ana são transportados do cativeiro a uma área próxima a uma cisterna em Planaltina, onde são esfaqueados.
Os criminosos:
1. Horácio Carlos Ferreira Barbosa
2. Fabrício Silva Canhedo
3. Carlomam dos Santos Nogueira
4. Gideon Batista de Menezes
5. Carlos Henrique Alves da Silva, o “Galego”
Motivação do crime
A chacina foi motivada pela disputa de um terreno, avaliado em R$ 2 milhões. Segundo o delegado responsável pelo caso, Ricardo Viana, o grupo criminoso agiu para tentar dominar a chácara onde vivia parte da família assassinada.
Além de parte da família morta, na chácara também viviam Gideon Batista de Menezes e Horácio Carlos — ambos presos por planejarem a chacina.
Gideon e Horácio Carlos contaram aos investigadores que eram funcionários de Marcos Antônio Lopes de Oliveira e que queriam vender a chácara em seguida. O plano seria assassinar toda a família para tomar posse do imóvel.
Os criminosos começaram a planejar a chacina em outubro. No dia 23 daquele mês, alugaram o cativeiro onde manteriam as vítimas. Em dezembro, a ex-mulher de Marcos Antônio, Cláudia Regina, vendeu uma casa por R$ 200 mil. Assim, o plano dos criminosos passou a envolver, também, o restante da família de Marcos. Os criminosos tinham interesse em valores depositados nas contas bancárias das vítimas.
“Sempre nas ações de queimar corpos e levá-los para fora do DF, estavam presentes Carlomam, Horácio e Gideon. O Fabrício ficava cuidando do cativeiro”, acrescentou o delegado do caso.
A execução do plano durou 18 dias. Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os executores da chacina formam uma associação criminosa armada. “Cada vítima foi morta com diferente requinte de crueldade”, afirmou o delegado Ricardo Viana, que acredita se tratar de um dos crimes mais bárbaros da história recente do Brasil.
A polícia não descarta violência sexual contra as mulheres mantidas em cativeiro. Duas delas ficaram 18 dias de posse dos criminosos, outras duas ficaram 14 dias.
Os presos Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos, Fabrício Silva Canhedo, Carlos Henrique Alves e Carloman dos Santos Nogueira responderão por uma série de crimes cujas penas somadas podem chegar a 340 anos de prisão para cada um. Contudo, no Brasil, o tempo máximo de permanência na cadeia não pode passar de 40 anos.
As vítimas:
Os criminosos: