Barbárie

Novo suspeito e plano macabro: chacina familiar do DF tem reviravolta

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7 corpos, 3 desaparecidos, novo suspeito, novas imagens e bilhete que expõe plano macabro: detalhes importantes descobertos nos últimos dias ajudaram a desconstruir a primeira versão da trama

Chacina no DF: Registro de momento em que suspeitos deixam o cativeiro com carro de vítimas – Foto: Divulgação / PC-DF

A Polícia Civil do Distrito Federal deu novos passos importantes para solucionar o quebra-cabeças por trás de uma chacina realizada contra uma família inteira. Até agora, sete mortes estão confirmadas e outras três vítimas seguem desaparecidas. Nesta segunda-feira, o delegado Ricardo Viana, da 6ªDP, que está à frente do caso, revelou detalhes importantes da trama, descobertos nos últimos dias pelos investigadores, e que ajudam a desconstruir uma primeira versão dada por suspeitos em depoimento.

Documentos apreendidos na chácara em Planaltina, onde vítimas foram mantidas reféns e posteriormente assassinadas, mostram que os criminosos tinham em folhas de caderno o nome de cada uma delas e, ao lado, o valor que deveria ser subtraído de cada conta bancária. Três homens estão presos pelo crime (Horácio Carlos Ferreira Barbosa, de 49 anos, Gideon Batista de Menezes, de 55, e Fabrício Silva Canhedo, de 34 anos) e um quarto suspeito segue foragido.

Outro elemento tido como muito importante pelos investigadores também foi encontrado na chácara: um bilhete usado para atrair Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, de 30 anos, que continua desaparecido, e não apenas sua esposa, a cabeleireira Elizamar da Silva, de 39, como também as crianças: um casal de gêmeos, de 6 anos, e um menino de 7. Todos foram mortos e tiveram os corpos queimados e abandonados no carro da família numa estrada em Cristalina (GO). Mãe e filhos serão enterrados nesta segunda-feira (23).

“Chefe, como está seu dia? vou precisar de ajuda urgente. Thiago, tem como você vir na chácara, que vou explicar o que (está) acontecendo. Se puder vir hoje, com Elizamar e os meninos”, consta no bilhete que teria sido entregue ao pai da família. Àquela altura, acredita-se que Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos, pai de Thiago, já estivesse morto e com o corpo enterrado na chácara, desde a semana entre o Natal e o Ano Novo. A suspeita é de que, por ter chamado a vítima de “chefe”, Gideon tenha escrito a carta, já que ele trabalhava como uma espécie de caseiro da família.

Entre os documentos encontrados, estão senhas bancárias, cartões de crédito, e as anotações com os nomes de cada vítima. Entre esses nomes, estão inclusive os de Cláudia Regina Marques de Oliveira, ex-mulher de Marcos Antônio, e a filha dos dois, Ana Beatriz Marques de Oliveira. Elas estão desaparecidas. O trio preso pelo crime chegou a afirmar em depoimento que o crime havia sido arquitetado por elas junto com Thiago e Marcos Antônio, o que já é descartado por completo.

Novo suspeito

O quarto suspeito, Carlomam, vulgo Carlinhos, que ainda está foragido, já é tido pela polícia como um dos executores. Digitais dele foram localizadas em vários locais do cativeiro e no veículo Renault usado na trama e apreendido posteriormente. Até o momento, a polícia não conseguiu localizá-lo. Ele já tem passagem pela polícia. Em 2018, foi indiciado por pertencer a uma facção criminosa local.

Câmeras

Os investigadores tiveram acesso às imagens do circuito de uma casa que fica ao lado do cativeiro. No dia 14 de janeiro, imagens mostram o momento em que o veículo Renault, usado pelos criminosos, deixa o local com o Fiat Siena, de Marcos Antônio, que seria localizado queimado em Unaí (MG), com os corpos de duas mulheres, que seriam Renata Juliene Belchior, sua esposa, e Gabriela Belchior de Oliveira, sua filha.

No vídeo, os dois veículos aparecem saindo do cativeiro à 1h15. Verifica-se que uma das lanternas do Siena está queimada. Por volta, das 5h03, apenas o Renault retorna; Cerca de 30 minutos depois, às 5h35, um homem, trajando bermuda, camiseta, boné e chinelo sai do mesmo local de onde os veículos estavam.

Mortes confirmadas e desaparecidos

Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos: seu corpo foi encontrado esquartejado e enterrado no quintal da chácara usada pelos criminosos.

Renata Juliene Belchior, de 52 anos, e Gabriela Belchior de Oliveira, de 25 anos: esposa e filha de Marcos Antônio, elas também desapareceram. A polícia acredita que os corpos de duas mulheres, encontrados carbonizados no carro da família, numa estrada em Unaí, em Minas Gerais, possa ser delas.

Cláudia Regina Marques de Oliveira e Ana Beatriz Marques de Oliveira: ex-companheira de Marcos Antônio e a filha dos dois. Elas estão desaparecidas. Chegaram a ser responsabilizadas pelo crime pelos suspeitos presos, mas hipótese foi descartada. Seus nomes constam nas anotações dos bandidos, assim como o das outras vítimas.

Thiago Gabriel Belchior da Oliveira, de 30 anos: filho de Marcos Antônio, ele segue desaparecido. Thiago teria sido atraído até o local com sua esposa e seus três filhos. Todos teriam sido extorquidos e mortos.

Elizamar da Silva, de 39 anos, os gêmeos Rafael e Rafaela Silva, de 6 anos, e Gabriel Silva, de 7: a mãe e os três filhos foram encontrados mortos dentro do carro da família, em chamas, abandonado numa rodovia em Cristalina (GO).

O que falta saber

1. Os três homens detidos, suspeitos no caso, continuam reclusos temporariamente enquanto o caso é investigado pelas policias do Distrito Federal e dos estados de Goiás e Minas Gerais, onde os corpos foram encontrados. Ainda é necessário entender a participação de cada um deles.

2. O paradeiro e motivo de desaparecimento de Cláudia Regina, ex-mulher de Marcos Antônio, e de Ana Beatriz, filha dos dois.

3. O motivo do crime, que inicialmente chegou a ser apontado como sendo a disputa familiar por um terreno de R$ 400 mil, o que ainda não foi confirmado.

4. A localização e participação de Thiago Belchior, cujas linhas de investigação de estados distintos consideram como possível mandante do crime ou potencial vítima na ação.

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ATUALIZAÇÃO: Na manhã desta terça-feira (24), a Polícia Civil encontrou mais três corpos das possíveis vítimas desaparecidas. As vítimas ainda não foram reconhecidas, mas o delegado Ricardo Viana afirmou que os corpos são de duas mulheres (uma delas adolescente) e um homem.