O simbolismo da mulher latino-americana e seu apagamento

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*Danilo Espindola Catalano

Recentemente o governo venezuelano comemorou o aniversario de sua heroína da independência nacional, Juana Ramírez “La Avanzadora”, mas o que me chamou muito a atenção, é que como estudioso e professor especializado em América Latina, nunca tinha escutado o nome dela nas historias da indepência venezuelana, isso porque sempre está inserido o nome do Libertador Simón Bolívar, herói branco, homem e latifundiario, que foi general das guerras e não uma mulher que pegou o facão de seu adversário na guerra e saiu atrás dele para matá-lo sem medo do que pudesse acontecer.

Quando estava lendo e vendo sobre está figura histórica que é exemplo para as mulheres venezuelanas, me veio a cabeça a mulher representante da revolução mexicana, “La adelita”, que não se sabe exatamente se ela existe ou não, mas que ela está ali nas músicas e representações culturais que nasceram após a revolção, como um mito ou uma história verídica, que está no coração dos mexicanos tornando o período sangrendo de guerra contra um ditador como Porfírio Dias, um momento de aconchego e celebração nacional.

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O que me fez lembrar, até mesmo a quem não lembraria, a mulher indígena mais importante dos mitos andinos da América Latina, a Pachamama, que é a “Mãe terra”, aquela que tudo provê e que está entre nós para que possamos plantar, crescer e viver, com tudo pela qual a natureza nos fornece e que por mais que seja um mito, acredito que ela seja um simbolismo importantissimo para os povos latino-americanos, sejam eles pré-colombianos ou não.

Porque digo que possam ser até para os que não são indígenas? Isso porque, com as outras imagens e a valorização femenina delas, por mais que tenham sempre uma caracteristica, serem apagadas respectivamente por homens, que posso listar, Juana Ramíres, por Simón Bolívar, La Adelita, por Emiliano Zapata e por fim Pachamama que é apagada pelo Deus sol Inti.

Assim, por mais que o poder simbólico da mulher latino-americana seja importante para a luta no continente, em sentido sentimental e de aconchego de uma figura que se assemelhe a “MÃE”, não por ela ser exatamente, como é o caso de Pachamama, mas por simbolizar um aconchego, um carinho, um “colo” no qual nos sentimos seguros e isso se expressa nessas imagens femeninas, mas que infelizmente, são apagadas por imagens masculinas.

*Danilo Espindola Catalano é escritor, pesquisador e professor de espanhol, dedicado a passar a cultura latino-americana aos seus alunos. Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduado em Metodologia do Ensino da Língua Espanhola e Especializando em Educação e Cultura pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais Brasil.

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