Bolsonaro, mesmo que ex-presidente, ainda é o maior expoente da extrema-direita brasileira e continuará a ser financiado pelo Estado
Ediel Rangel*
Ficou claro que a fracassada tentativa de golpe no domingo (08/01/2023) foi planejada, organizada, estruturada e financiada. É importante que as autoridades competentes vão atrás de quem a financiou. Tarefa que não será tão difícil, os próprios “patriotas” irão entregá-los assim que a ficha cair a respeito do delírio coletivo que viviam.
Sem novidade nenhuma, já paira a suspeita em integrantes do agro, isso valida a afirmativa do presidente Lula quando os classifica (nem todos, é claro) de “fascista e direitista”. Assim, serão identificados e publicizados um a um desses financiadores de atos antidemocráticos que transformaram os patriotas alienados em terroristas. Uma coisa é termos ciência de quem são os financiadores da extrema-direita bolsonarista, outra é saber quem financia o próprio Bolsonaro?
Bolsonaro passou os últimos quatro anos atentando e insuflando atos contra a ordem democrática do Brasil. Ele sempre desejou o caos, sempre apostou na desordem. Nunca repreendeu de forma efetiva os seus apoiadores quando portavam faixas com dizeres antidemocráticos e inconstitucionais. Seu silêncio sempre foi o seu aval.
Na comemoração do bicentenário da independência, data que deveria ter sido uma comemoração especial, Bolsonaro usou todo o aparato Estatal para atacar o ministro Alexandre de Moraes e dizer que não cumprirá mais decisões do STF.
As suas lives com desinformação e ataques, as motociatas, os passeias de jetski, as idas em templos religiosos, os eventos onde o Bolsonaro “extremista” sempre ocupava o lugar do Bolsonaro “presidente”, tudo feito aproveitando o suporte que o seu cargo lhe dava e financiado pelo Estado. O Estado Brasileiro foi por anos o financiador do Bolsonaro em sua aventura fascista.
Bolsonaro, mesmo que ex-presidente, ainda é o maior expoente da extrema-direita brasileira e continuará a ser financiado pelo Estado.
O ex-presidente acumulará duas aposentadorias — a de capitão reformado do Exército e a de deputado federal (1991 a 2018). Bolsonaro foi vereador de 1989 a 1991. Os dois benefícios se aproximam de R$42 mil reais brutos (cerca de R$12 mil reais do Exército e cerca de R$30 mil reais da Câmara dos Deputados), além de ter direito a (como ex-presidente) quatro servidores para segurança e apoio pessoal; dois veículos oficiais, com os respectivos motoristas; e assessoramento de dois servidores ocupantes de cargos em comissão. Gastos com diárias de hotel, passagens de avião, combustível e seguros também estão previstos.
Por fim, a intenção do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é pagar a Bolsonaro um salário equivalente ao teto constitucional do setor público — que hoje está em R$ 39,2 mil e que deve subir para R$ 41,7 mil em 2023, chegando a R$ 46,4 mil em 2025 (valores brutos). Totalizando, Bolsonaro poderá embolsar em dinheiro R$86 mil reais (em torno de US $16.360 em cotação atual).
O Estado Brasileiro, através das autoridades competentes, deverá avaliar se manterá todas essas benesses a um ex-chefe de Estado comprometido com as nossas instituições ou a um líder de terroristas que sempre irão atentar contra o nosso Estado democrático de direito?
*Ediel Rangel é graduado em Sistemas de Informação pelo Instituto Doctum de Educação e Tecnologia, graduando em Ciências Contábeis pela UFVJM e mestre em Engenharia, Tecnologia e Gestão, com área de concentração em Tecnologia, Ambiente e Sociedade pela UFVJM.
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