Dono da Jovem Pan renuncia após ser acusado de apoiar terrorismo. Saída de Tutinha é vista como estratégia para reabilitar a emissora, abalada com a saída de vários anunciantes, a desmonetização no YouTube e inquéritos no MPF
O empresário Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, conhecido como Tutinha, renunciou ao cargo de presidente do grupo Jovem Pan nesta segunda (9/1). Portanto, quem assumirá a presidência será Roberto Araújo, CEO do grupo desde 2014. O canal de comunicação é conhecido por disseminar a desinformação e foi alvo até de desmonetização por parte de Justiça. A informação foi confirmada pelo portal UOL.
A decisão do empresário ocorreu um dia após os atos terroristas por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que vandalizaram os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal. A cobertura da Jovem Pan sobre o atentado foi, inclusive, alvo de críticas. Mesmo com a renúncia, Tutinha permanece como maior acionista do grupo.
Desde a estreia da emissora, em outubro de 2021, os comentaristas da Jovem Pan são apontados como propagadores de fake news, incentivadores de atos bolsonaristas e amplificadores do discurso golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas, STF, vacinação e o resultado eleitoral.
Na campanha, a Jovem Pan inclusive foi alvo de decisões da Justiça Eleitoral determinando direito de resposta à campanha do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Especula-se que a saída de Tutinha do comando da Jovem Pan seja uma manobra para reabilitar a emissora, abalada com a saída de vários anunciantes e a desmonetização no YouTube.
Ao longo do domingo (8), durante os ataques terroristas contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, a internet foi inundada por acusações contra a Jovem Pan. Alguns comentaristas da emissora sinalizaram simpatia por uma guerra civil durante a transmissão dos atos terroristas.
Nesta segunda (9), o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para investigar a conduta da emissora.