Fotojornalista teve a câmera roubada por um bolsonarista na tentativa de golpe em Brasília no 8 de janeiro. O profissional encontrou sua câmera sendo comercializada em um site de vendas, fingiu estar interessado, marcou um encontro com o criminoso e levou a polícia junto. O bolsonarista foi preso em flagrante
Um fotógrafo conseguiu recuperar a câmera fotográfica que havia sido roubada durante os atos golpistas, em 8 de janeiro, em Brasília. Naquele dia, Pedro Ladeira cobria os ataques às sedes dos Três Poderes pelo jornal Folha de S.Paulo quando foi cercado e agredido por golpistas. Um deles levou o equipamento.
Exatamente um mês depois, em 8 de fevereiro, Ladeira foi até a Polícia Civil do DF (PCDF) para informar que colegas haviam encontrado a câmera à venda um site e em redes sociais por um preço muito inferior ao valor real. Uma marca de uso na câmera chamou a atenção do fotógrafo, que teve a certeza de que se tratava de seu equipamento.
De acordo com a ocorrência registrada, um colega de Ladeira entrou em contato com o vendedor, simulando ter interesse no item. Eles marcaram um ponto de encontro em um shopping da região central de Brasília para que o colega pudesse “ver a câmera”.
Policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO/DECOR) acompanharam o encontro e, assim que um homem chegou para mostrar a câmera, o abordaram e conduziram à delegacia.
O bolsonarista de 26 anos foi identificado e, segundo a polícia, disse ter achado a câmera em 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes, durante as manifestações antidemocráticas. Na delegacia, ele assinou um Termo Circunstanciado e foi liberado.
A câmera foi devolvida. Ao receber o equipamento, Ladeira ficou surpreso: todas as fotos que tinha registrado no dia estavam intactas no cartão de memória — o que poderá servir para identificar outros golpistas.