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Injustiça 16/Fev/2023 às 10:26 COMENTÁRIOS
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Homem negro ganha liberdade após ficar preso 28 anos por crime que não cometeu

Publicado em 16 Fev, 2023 às 10h26

EUA: Homem negro passou 28 anos atrás das grades por um assassinato que sempre negou ter cometido. Segundo a Justiça, testemunhas forneceram "evidências claras e convincentes" de que ele sempre foi inocente. "Estou feliz por ter minha vida de volta e vou tentar fazer o melhor possível"

Homem negro ganha liberdade após preso anos crime não cometeu
Lamar Johnson, após quase 28 anos de prisão

Um homem saiu da prisão no estado americano do Missouri, nos EUA, nesta terça-feira (14), 28 anos depois de ter sido condenado por um assassinato que não cometeu. Segundo a emissora St. Louis Public Radio, a inocência de Lamar Johnson foi reconhecida pelo juiz David Mason após ouvir os depoimentos de Greg Elking e James Howard sobre a morte de Marcus Boyd em 1994.

“Este testemunho combinado representa uma evidência clara e convincente de que Lamar Johnson é inocente e não cometeu o assassinato de Marcus Boyd individualmente ou agindo com outro”, escreveu Mason na decisão que absolveu e anulou a condenação de Lamar.

Johnson ficou visivelmente emocionado quando a decisão foi anunciada, enquanto seus apoiadores começaram a aplaudir. “Isso é emocionante”, disse.

Ao sair do tribunal, o americano Lamar Johnson, de 50 anos, celebrou a liberdade num jantar com pessoas próximas e seus advogados. Ele também fez questão de agradecer às pessoas que o apoiaram.

“Quero agradecer, em primeiro lugar, às pessoas que tiveram informações sobre o caso e revelaram a verdade”, disse ele a jornalistas. “Todas as pessoas que vieram e me apoiaram: isso é impressionante. Eu só agradeço a todos. Apenas obrigado”.

A imprensa local relatou que Lamar foi considerado culpado junto com Phillip Campbell, mas sempre negou participação no crime. A condenação foi baseada principalmente no depoimento de uma testemunha, que mais tarde se retratou.

Além disso, James Howard confessou que foi ele e Campbell que mataram Marcus Boyd numa tentativa de roubo.

Leia também: Condenados por estupro são inocentados após 30 anos presos

O processo pelo reconhecimento da inocência de Lamar começou em 2019, a partir da constatação da condenação injusta pela promotoria. No entanto, a libertação do inocente demorou a acontecer pois a Suprema Corte do Missouri decidiu, em 2021, que a unidade não tinha autoridade para tentar anular a sentença. Apesar disso, em dado momento, o estado aprovou uma lei que oferecia justamente a permissão ao Ministério Público que estava faltando. A equipe de Lamar enfrentou alguns obstáculos entre quem não acreditasse nos testemunhos ratificados, mas seguiu em frente.

No ano passado, o advogado Kim Gardner apresentou uma moção buscando a libertação de Lamar depois de conduzir uma investigação em conjunto com a organização legal sem fins lucrativos Innocence Project.

Enquanto isso, a vontade por provar sua inocência mantinha-se forte para Lamar, que agora espera que seu caso sirva de inspiração para outros detentos que tenham sido condenados injustamente.

“Espero poder ser uma inspiração e que eles continuem a lutar; a verdade encontra um caminho”, disse ele. “Acho que há um propósito na dor. Até certo ponto, tenho a obrigação de tentar ajudar os outros e ajudá-los a superar o que estão passando”.

Após a audiência de terça, a equipe jurídica criticou o gabinete do procurador-geral do estado, que pressionou para mantê-lo na prisão. “Eles nunca pararam de alegar que Lamar era culpado e pretendiam vê-lo definhar e morrer na prisão”, disseram a defesa em um comunicado.

Um porta-voz do procurador-geral disse em um e-mail que não haverá mais qualquer ação da procuradoria neste caso.

“Nosso escritório defendeu o estado de direito e trabalhou para manter o veredicto original que um júri de colegas de Johnson considerou apropriado com base nos fatos apresentados no julgamento”, disse o comunicado.

Agora, Lamar sonha em arrumar um trabalho e reconstruir sua vida. Entre seus desejos estão as experiências comuns, da rotina.

“Quero ficar na fila e ficar frustrado porque não está indo rápido o suficiente”, exemplificou.

Ele também tem sonhos maiores, como viajar de avião e ver o oceano e levar sua filha Kierra até ao altar quando ela se casar.

“Estou feliz por ter minha vida de volta e vou tentar fazer o melhor possível”.

O crime

Marcus Boyd foi morto a tiros por dois homens mascarados na varanda da casa de Johnson em outubro de 1994.

Johnson disse repetidamente que não estava em casa quando o ataque aconteceu.

O juiz Mason emitiu sua nova decisão depois que uma testemunha mudou seu depoimento e um preso confessou que atirou em Boyd com outro suspeito, Phil Campbell.

Durante o julgamento inicial, Campbell havia se declarado culpado para ter a pena reduzida e foi condenado a sete anos de prisão.

Com BBC e Extra

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