Em 'vídeo-desabafo' contra o Carnaval, influenciadora de Santa Catarina promove show de ignorância: “Estou assistindo escola de samba e só fala de mulher preta; ninguém fala da mulher branca. Estou me sentindo uma bosta. Isso também é racismo. A gente não é exaltada porque tem descendência nórdica, branca transparente [...]"
A influenciadora Ana Canziani, de Balneário Camboriú (SC), protagonizou um espetáculo grotesco de ignorância ao comentar no seu Instagram sobre o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
“Estou assistindo a escola de samba e só fala de mulher preta; ninguém fala da mulher branca. Estou me sentindo uma bosta. Isso também é racismo”, reclamou a mulher, que se autodeclara ‘vaginal influencer’ e palestrante nas redes.
No seu ‘vídeo-desabafo’, Ana repete diversas a frase “eu não sou racista” para justificar as suas falas preconceituosas. “Eu não pego sol. Sofro um racismo da porra quando vou à praia. ‘Olha lá, meu Deus, branca transparente, cheia de tatuagem’ […] A gente não é exaltada porque tem descendência nórdica”, diz ela.
Na mesma sequência de vídeos publicados nos seus stories, Ana criticou as cotas raciais. “É o cúmulo do racismo porque estão subestimando a inteligência do negro”, afirma.
O episódio logo repercutiu. “O racismo dessa gente é tão forte que elas não aguentam guardar para si, precisam externar. É bizarro!”, escreveu um internauta. “Eu imagino que a cabeça dela esteja dando um ’tilt’ mesmo. Quando a branquitude descobre que não é o centro do universo, ela pira”, observou outro.
“Essa mulher certamente vive numa bolha escrota de gente branca e não sabe que a maioria do povo brasileiro não tem nada a ver com ela”, disse mais um. “Mas não é essa galera aí que posta que enquanto o Brasil tá parado vendo o Carnaval, os sulistas estão trabalhando?”, questionou outro.
VÍDEO:
Racismo reverso
Othoniel Pinheiro, colunista do Pragmatismo, explica porque racismo reverso não existe. “A simples leitura da ‘Convenção Interamericana contra o Racismo’ invalida por completo os discursos do racismo reverso no Brasil, uma vez que o diploma internacional conceitua o racismo como ‘qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o falso conceito de superioridade racial’ (art. 1.4). Ou seja, o racismo nada tem a ver com os exemplos apontados pelos defensores da existência do racismo reverso, que se reportam a violências isoladas de cunho racial ou o identitarismo como forma de proteção das mais diversas formas de violência.
“Assim, percebemos que o racismo é produto de ambientes construídos pelo racismo estrutural, que causa disparidades sociais e econômicas evidentes no Brasil em virtude de violências históricas muito bem relatadas por autores como Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro, que deveriam ser bem estudados nas escolas como forma de combater algumas alienações. Nesse contexto, diante da leitura da Convenção (que é norma constitucional) é impossível existir racismo contra brancos no Brasil simplesmente porque não existe teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que enunciam uma superioridade negra. Simples assim”, diz Othoniel.