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Michelle Bolsonaro entra em contradição ao tentar culpar governo Lula por matança de carpas

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Michelle Bolsonaro silenciou durante uma semana desde que foi acusada por funcionários do Alvorada de roubar moedas do espelho d'água e de matar as carpas. Depois de pensar bastante, a ex-primeira dama decidiu se manifestar, acusou o governo Lula mas acabou entrando em contradição; Planalto divulga nota

Michelle Bolsonaro – Foto: Isac Nóbrega/PR

Após uma semana em silêncio desde que foi acusada por funcionários do Palácio da Alvorada de roubar moedas do espelho d’água e, consequentemente, matar as carpas do local, Michelle Bolsonaro decidiu se manifestar.

A ex-primeira dama responsabilizou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela matança dos peixes raros, mas acabou entrando em contradição.

Ao justificar a matança das carpas, Michelle Bolsonaro disse que “a limpeza [do espelho d’água] teve início no dia 2 de janeiro, portanto, após nossa saída do Palácio da Alvorada”.

Michelle continuou: “Houve relatos de que, no dia 10/1, peixes começaram a morrer. Portanto, toda operação de retirada dos peixes e limpeza do espelho d’água ocorreu muito depois de nossa saída da residência”.

A contradição

A fala de Michelle sobre as mortes das carpas contradiz o que ela mesma disse um dia antes, quando tentou justificar o sumiço das moedas do espelho d’água. Na ocasião, a ex-primeira dama admitiu que retirou as moedas do local antes do dia 30 de dezembro.

“Antes de deixar o Palácio da Alvorada, no dia 30 de dezembro, expressei o desejo de que, se fosse possível, as moedas que repousavam no fundo do espelho d’água fossem recolhidas”, escreveu.

As moedas, portanto, só poderiam ser recolhidas se houvesse a remoção das carpas do local e a limpeza do espelho d’água. Funcionários do Palácio afirmaram que a “limpeza” começou no dia 27 de dezembro para que as moedas fossem recolhidas.

Em sua primeira fala, Michelle confessou que recolheu as moedas antes do dia 30 de dezembro, mas agora ela diz que “a limpeza só ocorreu depois da nossa saída”.

Como Michelle removeu as milhares de moedas — eram tantas que encheram um balde de 20 litros, segundo um funcionário — acumuladas no espelho d’água sem que as carpas fossem manuseadas ou removidas de lá?

Por que Michelle disse, inicialmente, que a limpeza do espelho d’água foi realizada antes do dia 30 de dezembro, e agora afirma que a limpeza só começou a partir de 2 de janeiro?

Os peixes carpas viviam no espelho d’água do Palácio da Alvorada há exatos 32 anos, quando foram entregues de presente em 1990 pelo imperador do Japão.

“É claro que a morte dos peixes está diretamente relacionada com essa loucura de pegar as moedas. O objetivo dessa operação às pressas para secar o espelho d’água era recolher as moedas. Os animais viveram lá por mais de 30 anos e só agora morreram”, disse um funcionário, em condição de anonimato.

Nota do governo

O governo Lula afirmou, em nota, que a morte dos animais ocorreu depois que foi realizada uma limpeza no espelho d’água iniciada no dia 27 de dezembro.

O Planalto disse que a limpeza foi ordenada pelo então coordenador-geral de Administração das Residências Oficiais, Francisco de Assis Lima Castelo Branco, conhecido como ‘pastor capeta’, que determinou a retirada de toda a água do local.

“Nesse contexto, a maioria das carpas que viviam ali acabaram morrendo em função da baixa oxigenação da água e também por causa do transporte para colocação no reservatório secundário”, diz a Secom.

Do total, cinco foram enterradas entre os Palácios do Jaburu e do Alvorada, em uma área verde. Segundo o Planalto, em 2022, cerca de 70 carpas viviam no espelho d’água. Atualmente, menos de dez ainda estão vivas.

Braço direito de Michelle, Francisco de Assis Lima Castelo Branco, o pastor capeta, só foi oficialmente exonerado no dia 5 de janeiro. Ele era o responsável pela manutenção do Alvorada.