Rodrigo Pacheco vence bolsonarista Rogério Marinho e é reeleito presidente do Senado. Resultado de 49 votos a 32 é considerado importante vitória da democracia e do presidente Lula contra a extrema direita
Eduardo Maretti, RBA
Por 49 votos a 32, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) venceu o bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN) e se reelegeu presidente do Senado para cumprir mais um período de dois anos à frente da Casa. Ele permanece como presidente do Congresso Nacional até janeiro de 2025. O resultado é considerado uma importante vitória da democracia e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teria grandes problemas se o comando do Senado ficasse nas mãos da extrema direita.
Os senadores bolsonaristas Eduardo Girão (Podemos-CE), que também era candidato e renunciou, e o próprio Marinho tentaram tumultuar. Como o voto é secreto, eles passaram a exigir que os votos pudessem ser abertos por quem assim preferisse. O tumulto perdurou por vários minutos. O presidente em exercício da Mesa, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), ameaçou anular os votos dos que violassem o regimento. O tumulto aumentou. Eles passaram a acusar a Mesa de arbitrariedade, mas acabaram se conformando com o fato de que o regimento deveria prevalecer.
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Em seu discurso de 15 minutos, Pacheco afirmou que seus compromissos nos dois anos de mandato, de 2021 a 2023, foram “defender a República brasileira e seus fundamentos, defender o Estado de direito, defender a democracia, defender a Federação, que é o papel desta casa, e defender o povo brasileiro”.
Para tentar afastar os argumentos de que teria feito um acordo com Davi Alcolumbre (União-AP) para se alternarem na presidência da Casa, Pacheco ressaltou sua “preocupação em dar a devida atenção a todos” os que o procuraram, e que trabalhou para que o Senado “pudesse andar em momentos de crise”.
Bancada feminina, pandemia e vacina
Ele destacou também sua iniciativa de ter criado a liderança da bancada feminina. “Um movimento de defesa dos direitos das mulheres, contra violência política, institucional, doméstica, violência e discriminação de todo gênero.” Lembrou ter criado a liderança da oposição, “para equilibrar o jogo democrático, porque a oposição de outrora e a que virá merecem respeito”, disse. “O respeito à divergência é pilar da democracia. Aprimoramento sempre, retrocesso nunca”, enfatizou.
Pacheco frisou que, no auge da pandemia, quando morriam 4 mil pessoas por dia de covid-19, muitas das iniciativas de assistência social para auxiliar a população “foram concebidas no Senado Federal”. “A lei das vacinas nasceu neste Senado. E não fomos negacionistas, defendemos a vacina, aprovamos todas as medidas provisórias inerentes ao combate à pandemia vindas do governo federal porque tínhamos esse compromisso com a sociedade brasileira”, acrescentou ainda.
Sobre seu próprio mandato, afirmou que é preciso “responsabilidade de quem ocupa o posto, que não pode se render à demagogia, se render ao populismo, não pode se escravizar pela desinformação de redes sociais, se escravizar pela manipulação por vezes da mídia em relação a determinados temas”, disse, momento em que foi aplaudido.
O presidente do Senado falou sobre a necessidade de regular as plataformas digitais. “É definitivamente inconcebível que a gente viva hoje no palco da desinformação manipulada. As famílias brasileiras estão divididas em torno de vacina. Estão divididas por urna eletrônica, que não era um questionamento até há pouco tempo”, disse.
Marinho: “radicalismo e a barbária“
Com um discurso frio e lido, Marinho disse que cumpriria uma presidência em busca de “uma conexão perdida com o povo brasileiro”. “Nós não podemos aceitar o radicalismo e a barbária (sic) que foi perpetrada contra a própria democracia através de atos de violência e depredação de patrimônio público e privado, por quaisquer dos espectros ideológicos do campo político, tanto da direita como da esquerda”, pregou.
Ele defendeu a punição dos condenados, com o “devido processo legal”. Depois, acrescentou que “o país precisa da pacificação” e a “tolerância necessária com o diferente”.
Bancadas partidárias
Após a posse desta quarta, o número de senadores por bancada partidária no primeiro dia da 57ª Legislatura, em 2023, é o seguinte:
PSD – 15
PL – 12
MDB – 10
PT – 9
UB – 9
PP – 6
Podemos – 5
PSB – 4
Republicanos – 4
PDT – 3
PSDB – 3
Rede – 1
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